Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: «Está possesso de Belzebu», e ainda: «É pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios». Mas Jesus chamou-os e começou a falar-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode aguentar-se. E se uma casa estiver dividida contra si mesma, essa casa não pode aguentar-se. Portanto, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não pode subsistir: está perdido. Ninguém pode entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens, sem primeiro o amarrar: só então poderá saquear a casa. Em verdade vos digo: Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e blasfémias que tiverem proferido; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: será réu de pecado eterno». Referia-Se aos que diziam: «Está possesso dum espírito impuro».
Homilia do dia 22 de janeiro 2024
Jesus responde a uma grave acusação que lhe é feita – os fariseus afirmam que ele está a expulsar demónios pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demónios. Este encontro tem profundas implicações teológicas e apresenta lições cruciais para o nosso caminho espiritual.
A passagem começa com uma acusação contra Jesus, que o acusa de estar ligado ao mal. Revela o ceticismo e o ceticismo de Jesus. Revela o ceticismo e a resistência que Jesus enfrentou por parte das autoridades religiosas, realçando a tensão entre a velha ordem e a mensagem transformadora que ele trazia.
Jesus responde com um argumento poderoso, afirmando o absurdo de Satanás expulsar os seus próprios demónios. Introduz a ideia de que um reino dividido é incapaz de se manter, sublinhando a unidade necessária para a estabilidade de um reino. Esta metáfora convida-nos a refletir sobre a coesão necessária nas nossas próprias vidas e comunidades.
Segue-se a advertência contra a blasfémia do Espírito Santo, um pecado que Jesus considera imperdoável. Esta afirmação enigmática tem confundido os teólogos, mas a sua essência reside na rejeição da verdade divina, uma recusa absoluta da graça de Deus. Leva-nos a examinar os nossos corações, assegurando a recetividade à orientação do Espírito e evitando uma recusa insensível da presença de Deus.
Ao aplicarmos esta passagem à nossa vida atual, confrontamo-nos com os perigos da obstinação espiritual e com as consequências de nos distanciarmos da influência divina. Desafia-nos a discernir a fonte das nossas ações e crenças, cultivando uma ligação genuína com Deus. O apelo à unidade ressoa no nosso mundo interligado, incitando-nos a ultrapassar as divisões e a construir um reino harmonioso baseado no amor e na compreensão.
Ao navegarmos pelas complexidades do nosso percurso de fé, prestemos atenção ao aviso de Jesus e permaneçamos abertos ao poder transformador do Espírito Santo. Cultivemos a unidade, rejeitemos a rigidez espiritual e abracemos a graça que brota de uma relação autêntica com Deus. Ao fazê-lo, podemos construir um reino de amor, compaixão e fé inabalável, assente nos ensinamentos de Cristo.
Pe. José Arun, Ocd