«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho.»

Domingo IV da Quaresma (Laetare)

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras. Todo aquele que pratica más acções odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus.

Com os santos do Carmelo

Refere São João da Cruz…

«Nesta união interior, Deus comunica-Se à alma com tanta vontade de amor, que não há afeto de mãe que acaricie o seu filho com tanta ternura, nem amor de irmão, nem amizade de amigo, que se lhe compare. […]. Como é grande a humildade e a doçura de Deus! […]. Ele aqui ocupa-se em consolar e acariciar a alma como a mãe cuida e consola o seu filhinho…» (Cântico Espiritual 27, 1)

Meditação

«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho.» Isto é algo que é central no Evangelho de São João, é a frase que nos enche as medidas que nos assombra. Entre Deus e nós há uma só linha que nos une: o amor. É o caminho em que o céu entra em nós e nós no céu, é a ponte sobre o qual se encontram e se abraçam o finito e infinito. Ao dizer esta frase o nosso Deus quer dizer que somos muito importantes que temos um grande valor. Ao entregar o Seu Filho fez com que Ele habitasse no meio de nós e que ficasse connosco até aos fins dos tempos. Se Ele está connosco, então é bom recordar todos os dias que Ele nos acompanha nas nossas dificuldades e quando estamos desanimados. Deus está sempre connosco, porque nos ama. Jacques Maritain dizia que «precisamos de muito amor para viver bem». Portanto, não basta saber que Deus nos ama, é preciso também distribuir esse amor pelos irmãos. Porque o amor pode transformar muitas pessoas e ajudá-las a viver bem. Procuremos nesta Quaresma ter atos de amor por aqueles com quem nos cruzamos, aqueles que Deus nos coloca à frente para provar o nosso amor. Não desprezemos, não façamos medidas, não julguemos pelas aparências, não nos achemos superiores a ninguém, procuremos entender aquele que se aproxima e façamos atos de amor, com paciência, tolerância, ternura, misericórdia.

Frei David, Ocd

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