«O Filho do homem é também Senhor do sábado»

DOMINGO IX DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos


Passava Jesus através das searas, num dia de sábado, e os discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas. Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido». Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros tiveram necessidade e sentiram fome? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e os deu também aos companheiros». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado». Jesus entrou de novo na sinagoga, onde estava um homem com uma das mãos atrofiada. Os fariseus observavam Jesus, para verem se Ele ia curá-lo ao sábado e poderem assim acusá-l’O. Jesus disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Levanta-te e vem aqui para o meio». Depois perguntou-lhes: «Será permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la?». Mas eles ficaram calados. Então, olhando-os com indignação e entristecido com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão». Ele estendeu-a e a mão ficou curada. Os fariseus, porém, logo que saíram dali, reuniram-se com os herodianos para deliberarem como haviam de acabar com Ele.

Com os santos do Carmelo

Refere São João da Cruz

«Ao comungar, só se preocupam em receber algum sentimento e gosto em vez de, com humildade, adorar e louvar a Deus no seu íntimo. E afeiçoam-se de tal maneira a isto, que, se não tiverem algum gosto ou sentimento sensível, julgam que não lhes valeu de nada. É uma forma muito baixa de julgar a Deus, pois não sabem que o menor proveito deste Santíssimo Sacramento é o que diz respeito aos sentidos, enquanto que o maior é o da graça invisível.» (Noite Escura 1, 6)

Meditação

Caros irmãos e irmãs em Cristo

A Bíblia descreve a adoração perfeita. Ela ocorre em torno do trono de Deus. É um lugar onde não há dor, nem tristeza; um lugar onde não é preciso sol nem lua porque Deus está lá para fornecer luz e calor; um lugar onde o caos e tudo o que perturba é substituído pela paz perfeita. É um lugar onde não há distinção entre pessoas, nações e línguas. Todos são iguais perante o Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro, o seu Salvador.

Mas ainda não estamos perto do Trono de Deus. Estamos aqui neste mundo onde a adoração para nós às vezes se torna problemática. Muitas vezes, acreditamos que a adoração é sobre coisas que acreditamos que precisamos fazer para agradar a Deus. Por vezes, pensamos que a adoração tem a ver com o facto de estarmos à altura. Por vezes, pensamos que a adoração é vir à igreja ao domingo com a nossa melhor roupa. Às vezes pensamos que adoração é cantar as coisas certas usando as melodias certas para ganhar o favor de Deus. E no seu devido contexto, cada uma destas coisas pode certamente fazer parte do que é a adoração que honra a Deus. Mas a adoração é muito mais do que isso.

Hoje vamos começar a tratar da questão do culto. Tratamos de questões importantes como: O que é a adoração? Qual é o aspeto da verdadeira adoração? Como podemos adorar Deus de uma forma verdadeira e autêntica? Comecemos por ver o que podemos aprender com a lição do Evangelho de hoje.

Era um dia de sábado – o equivalente à nossa manhã de domingo – o dia de descanso. Os discípulos de Jesus estavam envolvidos numa atividade que não era permitida pelas regras e regulamentos religiosos da época. Apanhavam cereais porque tinham fome. Ora, havia pessoas que eram vistas como os executores das leis religiosas. Entre eles estavam os fariseus, os escribas e os que governavam o templo. Eles criticaram Jesus por causa do que os discípulos estavam a fazer.

É que, para estes líderes religiosos, o culto tinha-se tornado numa série de coisas a fazer e a não fazer. O sábado era um dia em que certas actividades eram permitidas e outras não. Agradar a Deus tinha sido reduzido a uma fórmula. Deus ficará feliz se você não andar mais do que 30 passos, mas ficará descontente se você andar 31. Deus honrará a sua adoração se der o seu dízimo, mas ficará zangado se tudo o que trouxer for o óbolo da viúva. Honrar a Deus tinha sido reduzido a regras e regulamentos.

Mas este tipo de adoração tinha sido rejeitado por Deus ao longo dos séculos. Muitos anos antes, o profeta Isaías tinha dito ao povo: “O Senhor diz: ”Este povo aproxima-se de mim com a sua boca e honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. O seu culto a mim é feito apenas de regras ensinadas por homens”. (Isaías 29.13) Como vê, é uma tolice imaginar que podemos criar as regras e os requisitos para uma adoração que honra Deus.

Quando a adoração se torna uma questão de regras e leis que têm de ser obedecidas, é fácil desviar os olhos de Deus – Aquele a quem estamos a prestar culto. O foco muda para o que estamos a fazer e como o estamos a fazer e se os que nos rodeiam o estão a fazer bem. Quando isto acontece, perdemos o barco e o objetivo da adoração.

Bem, qual é o contraste com este tipo de adoração? Penso que começa por compreender quem é Deus e quem somos nós em comparação com Ele. Sabemos que o nosso Deus é omnipotente e omnisciente. Ele é o Criador e através da Sua Palavra tudo veio a existir. Ele não precisa de nada de nós e, no entanto, a criação depende inteiramente d’Ele. Ao considerar estas qualidades eternas de Deus, não se torna claro que a adoração não tem a ver com o que fazemos para Deus? A adoração tem a ver com o que Deus faz por nós. Por isso, sejamos mais fiéis à nossa adoração e peçamos a Deus que nos dê força para vivermos a nossa vida de fé como Deus deseja.

Louvado seja nosso senhor jesus cristo.

P. Tomás Muzhuthett