DOMINGO VIII DO TEMPO COMUM – SANTÍSSIMA TRINDADE
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 28, 16-20)
Naquele tempo, os Onze discípulos partiram para a Galileia, em direção ao monte que Jesus lhes indicara. Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».
Com os santos do Carmelo
Refere Santa Teresa…
«Cada dia esta alma fica cada vez mais perplexa, porque, além de sentir que estas três Pessoas nunca se separam dela, vê claramente que, como foi dito , tem-nas dentro de si, no mais íntimo; numa profundidade imensa, que não sabe explicar por não ter palavras, sente dentro de si esta divina companhia.» (7 moradas 1, 7).
«Por mais dissipado que ande o pensamento, entre tal Filho e tal Pai forçosamente há de estar o Espírito Santo que enamore a vossa vontade e vo-la cative com forte amor, se para isto não bastar um tão grande interesse.» (Caminho de Perfeição 27, 7).
Meditação
Hoje, reunimo-nos para celebrar a solenidade da Santíssima Trindade, o mistério central da nossa fé cristã. Esta doutrina profunda revela-nos a própria essência de Deus, uma comunhão de três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, numa só natureza divina. A compreensão da Trindade está para além da compreensão humana, mas é fundamental para a nossa crença e para a nossa relação com Deus. Aprofundemos o significado deste mistério e o que ele significa para a nossa vida de cristãos. A Santíssima Trindade é um mistério, não no sentido de ser um puzzle a resolver, mas uma realidade que ultrapassa a nossa compreensão finita. Santo Agostinho, um dos maiores teólogos da Igreja, disse uma vez: “Se o podes compreender, não é Deus”. Isto não significa que não possamos saber nada sobre a Trindade; pelo contrário, o nosso conhecimento é sempre limitado e convida-nos a uma fé mais profunda. As Escrituras revelam a Trindade de várias formas. No Antigo Testamento, vemos indícios da natureza trinitária de Deus, como no relato da criação, onde Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Génesis 1,26). O Novo Testamento torna a Trindade mais explícita, particularmente no batismo de Jesus, em que o Pai fala do céu, o Filho é batizado e o Espírito desce como uma pomba (Mateus 3,16-17). Deus, o Pai, é a fonte de tudo o que existe. Ele é o criador, o sustentador e o provedor. Na Oração do Senhor, chamamos a Deus “Pai Nosso”, reconhecendo o Seu cuidado e amor paternal por nós. Jesus ensinou-nos a aproximarmo-nos de Deus com a confiança de crianças que se aproximam de um pai amoroso Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a imagem visível do Deus invisível. Através da encarnação, Deus tornou-se homem, habitando entre nós e revelando a profundidade do Seu amor através da Sua vida, morte e ressurreição. Jesus mostra-nos quem é Deus e quem somos chamados a ser. O Espírito Santo é o amor entre o Pai e o Filho, derramado sobre a Igreja. O Espírito guia-nos, fortalece-nos e santifica-nos, habitando em nós e fazendo de nós templos do Deus vivo. Tal como o Pai, o Filho e o Espírito Santo existem numa perfeita comunhão de amor, somos convidados a refletir este amor divino nas nossas interacções com os outros. Nas nossas famílias, comunidades e no mundo em geral, devemos ser instrumentos do amor, da unidade e da paz de Deus. A compreensão da Trindade também nos chama à humildade. Temos de reconhecer as nossas limitações e a grandeza de Deus. Ao celebrarmos a Santíssima Trindade, maravilhamo-nos com o mistério do nosso Deus – Pai, Filho e Espírito Santo. Aprofundemos a nossa relação com cada Pessoa da Trindade e deixemos que esta comunhão divina transforme as nossas vidas. Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos nós, agora e para sempre. Amém.
Pe. José Arun
Imagem feita por Tomás Freitas