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«Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso»

DOMINGO VII DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 6, 27-38)


Naquele tempo, Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: «Digo-vos a vós que Me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos injuriam. A quem te bater numa face, apresenta-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, deixa-lhe também a túnica. Dá a todo aquele que te pedir e ao que levar o que é teu, não o reclames. Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também. Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto. Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom até para os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».

Meditação

Um dia, um homem foi a um ourives com um belo anel de ouro. Brilhava intensamente, e o homem sentia-se orgulhoso dele. Disse ao ourives: “Isto é ouro puro. Quero fazer outra joia com a mesma qualidade.” O ourives pegou numa pequena pedra preta, esfregou o anel sobre ela e examinou a marca que ficou. Depois, abanou a cabeça e disse: “Isto não é ouro verdadeiro. Só parece ouro por fora.” O homem ficou chocado. O seu anel não tinha valor, embora parecesse precioso.
(Esta pedra preta chama-se pedra de toque. Os ourives usam-na para testar o ouro. Se for verdadeiro, deixa uma marca pura. Se for falso, a marca revela a verdade.)
Assim como o ouro é testado por uma pedra de toque, o nosso cristianismo é testado pelo Evangelho de hoje.
Jesus dá-nos a lei do Novo Testamento, a regra pela qual devemos viver como cristãos. Ele diz: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam.” Esta lei é diferente da
antiga lei do Antigo Testamento. No passado, a regra era: “Olho por olho, dente por dente” (Êxodo 21:24). Essa era a lei da justiça. Mas a justiça por si só não é suficiente. Jesus chama-nos a uma lei superior, que é a lei da misericórdia e do amor.
Quando chega uma nova lei, a antiga deve acabar. No Antigo Testamento, ensinava-se a amar o próximo, mas permitia-se odiar o inimigo. Jesus mudou isso: “Amai os vossos inimigos.” A antiga lei permitia a vingança. Jesus diz: “Não julgueis, e não sereis julgados.” A antiga lei ensinava a dar com medida. Jesus diz: “Dai, e ser-vos-á dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante.”
Se somos verdadeiros cristãos, seguiremos esta lei de Jesus. Se recusarmos, somos apenas cristãos de nome, mas não na verdade. Assim como o ouro falso parece real, mas falha no teste, um cristão que não perdoa, não ama ou não é generoso, falha no teste de Cristo.
Vejamos São Estêvão, o primeiro mártir. Quando as pessoas lhe atiravam pedras, ele não gritou de raiva. Em vez disso, orou: “Senhor, não lhes imputes este pecado.” Ele seguiu a nova lei de Jesus. A sua misericórdia tocou o coração de Saulo, que mais tarde se tornou São Paulo, o grande missionário.
Este é o desafio que Jesus nos dá hoje. O Evangelho é a nossa pedra de toque. Ele testa se somos verdadeiros cristãos.
• Se eu amo apenas aqueles que me amam, estou realmente a seguir Cristo?
• Se me recuso a perdoar, como posso dizer que pertenço a Jesus?
• Se só dou quando espero algo em troca, sou realmente generoso?
• Se julgo os outros com dureza, como poderei eu apresentar-me diante de Deus?
São João Crisóstomo disse uma vez: “Retribuir o mal com o mal é diabólico. Retribuir o bem com o bem é humano. Mas retribuir o bem pelo mal é divino.”
Isto é o que Jesus nos chama a fazer: não apenas agir como pessoas boas, mas ser como Deus em misericórdia e amor.
Muitas pessoas dizem que são cristãs. Vão à igreja, rezam e carregam uma Bíblia. Mas, se não perdoam, se não amam os seus inimigos, se não mostram misericórdia, são como ouro falso: bonito por fora, mas sem valor por dentro.
Jesus pede-nos que sejamos ouro verdadeiro, não apenas algo que parece bom por fora. Devemos passar no teste do Evangelho. Perguntemo-nos: Estou a viver segundo a lei de Jesus? Ou ainda sigo a antiga lei do ódio, da vingança e do egoísmo?
Que o Senhor nos ajude a seguir a lei do amor, da misericórdia e da generosidade, para que, quando formos testados, sejamos encontrados como verdadeiros discípulos de Cristo.
Senhor Jesus, ajuda-nos a amar, a perdoar e a dar, como Tu nos ensinaste, para que sejamos verdadeiros cristãos. Ámen.

Pe. José Arun

Viver em esperança com os santos do Carmelo

“Vimos por este meio convidar todos os interessados a participar nestes encontros. O título do cartaz é: “Viver em esperança com os santos do Carmelo”. Serão cinco encontros de janeiro a maio. Todos os encontros começam às 16h30 nos sábados designados no cartaz. Devido ao espaço que temos os lugares serão limitados, por isso é necessária uma inscrição prévia. Para efetuar essa inscrição temos dois meios, a vinda ao convento do Carmo e fazer a inscrição na secretaria ou podem ligar para o contacto telefónico 291223935.

A esperança é a última a morrer assim se diz no meio do povo, com isto temos a esperança da vossa presença. Venham aprender com os Santos Carmelitas a viver em esperança. Com estes encontros queremos proporcionar um encontro mais vivo com o Deus dos cristãos, a Sua vinda ao mundo nos deu uma nova luz de esperança. Por isso damos nossas as palavras do Papa Francisco: «Possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, «porta» de salvação (cf. Jo 10, 7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a «nossa esperança» (1Tm 1, 1). (Bula Spes non Confundit 1).”

«Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura»

DOMINGO III DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 1, 1-4; 4, 14-21)


Já que muitos empreenderam narrar os factos que se realizaram entre nós, como no-los transmitiram os que, desde o início, foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também eu resolvi, depois de ter investigado cuidadosamente tudo desde as origens, escrevê-las para ti, ilustre Teófilo, para que tenhas conhecimento seguro do que te foi ensinado. Naquele tempo, Jesus voltou da Galileia, com a força do Espírito, e a sua fama propagou-se por toda a região. Ensinava nas sinagogas e era elogiado por todos. Foi então a Nazaré, onde Se tinha criado. Segundo o seu costume, entrou na sinagoga a um sábado e levantou-Se para fazer a leitura. Entregaram-Lhe o livro do profeta Isaías e, ao abrir o livro, encontrou a passagem em que estava escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a proclamar o ano da graça do Senhor». Depois enrolou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-Se. Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga. Começou então a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir».

Meditação

Hoje, no Domingo da Palavra de Deus, a Igreja convida-nos a aprofundar a nossa apreciação das Escrituras como a voz viva e ativa de Deus. Este Evangelho lembra-nos que as Escrituras não são apenas um registo histórico, mas a Palavra viva de Deus, presente aqui e agora para moldar, curar e transformar-nos. Estamos a envolver-nos com a Palavra de Deus como fundamento da nossa fé e da nossa vida? Neste Domingo da Palavra de Deus, renovemos o nosso compromisso de ler, estudar e meditar nas Escrituras, confiando que nelas se encontra a verdade sobre a nossa salvação.
Na segunda parte do Evangelho, Jesus está na sinagoga e lê do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.” Este momento é revolucionário. Jesus declara que Ele é o cumprimento desta profecia, anunciando a sua missão de curar, libertar e restaurar. A sua mensagem é universal, oferecendo esperança aos marginalizados, liberdade aos oprimidos e visão aos cegos—tanto física quanto espiritualmente.
Hoje, Jesus dirige-nos as mesmas palavras. A Palavra de Deus está viva, oferecendo cura onde
estamos feridos, liberdade onde estamos presos e clareza onde estamos cegos. Mas não termina aqui. Jesus também nos comissiona a continuar a sua missão. Somos chamados a proclamar a Boa Nova através das nossas palavras e ações, especialmente àqueles que mais precisam.
A palavra mais marcante deste Evangelho é “hoje.” Jesus proclama: “Hoje cumpriu-se esta Escritura que acabais de ouvir.” A Palavra de Deus não está confinada ao passado. Ela está viva e ativa hoje, chamando-nos à ação. Sempre que ouvimos o Evangelho proclamado, é um convite para permitir que a Palavra crie raízes nos nossos corações e dê frutos nas nossas vidas.
Quantas vezes adiamos a resposta à Palavra de Deus? Ouvimos os apelos à justiça, compaixão ou perdão e pensamos: “Amanhã, agirei.” Mas Jesus lembra-nos que o tempo é agora. Neste Domingo da Palavra de Deus, aprofundemos a nossa relação com as Escrituras. Acolhamo-las não apenas como um livro para ler, mas como uma voz para ouvir, um caminho a seguir e uma vida para viver.
Que possamos, como Jesus, estar cheios do Espírito e proclamar a Boa Nova com coragem. Que a Palavra se cumpra ao ser ouvida por nós e nos transforme hoje.

Pe. José Arun

«Jesus foi batizado e, enquanto orava, abriu-se o céu»

DOMINGO: Batismo do Senhor

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 3, 15-16.21-22)


Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias. João tomou a palavra e disse-lhes: «Eu baptizo-vos com água, mas vai chegar quem é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar as correias das sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo». Quando todo o povo recebeu o batismo, Jesus também foi batizado; e, enquanto orava, o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corporal, como uma pomba. E do céu fez-se ouvir uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».

Meditar a Palavra

Hoje, reflectimos sobre um dos momentos mais profundos do Evangelho: o batismo de Jesus no rio Jordão. Este acontecimento, embora aparentemente simples, é rico de significado e de força. No seu cerne estão as palavras proferidas pelo Pai: “Tu és o meu Filho muito amado; em ti me comprazo” (Marcos 1,11). Estas palavras revelam a profundidade do amor de Deus, não só por Jesus, mas por cada um de nós.
Imagine a humildade do Filho de Deus ao entrar nas mesmas águas que os pecadores, alinhando-Se com a humanidade na sua fragilidade. Embora sem pecado, Jesus escolheu ser batizado para mostrar solidariedade para connosco, para revelar a Sua missão de nos redimir e para prefigurar o batismo da Sua morte e ressurreição.
Quando fomos baptizados, o mesmo Espírito desceu sobre nós e o Pai declarou-nos Seus amados. Tal como a identidade de Jesus como Filho de Deus foi afirmada, também a nossa identidade como filhos de Deus é dada a conhecer no batismo.
Estas palavras – “Tu és o meu amado” – não são apenas para Jesus. Elas ecoam através dos tempos, pronunciadas sobre cada um de nós. O batismo não é apenas um ritual; é uma iniciação na família de Deus. Nesse momento, Deus olha para nós, a Sua criação, e declara: “Tu és o meu filho amado, tu és a minha filha amada”.
Este amor não é algo que conquistamos. Não depende das nossas realizações, dos nossos êxitos ou mesmo dos nossos fracassos. É uma dádiva que nos é concedida gratuitamente. O amor de
Deus por nós é incondicional, inabalável e eterno.
Mas quantas vezes nos esquecemos disto? Num mundo que nos diz que não somos suficientes, temos de nos agarrar à verdade de quem somos aos olhos de Deus. Somos amados e, por sermos amados, somos chamados a viver de uma forma que reflicta esse amor ao mundo.
O que é que significa viver como amados de Deus? Em primeiro lugar, significa reconhecer a nossa dignidade e a dignidade dos outros. Se somos amados por Deus, também o são todas as pessoas com quem nos cruzamos.
Em segundo lugar, viver como amado significa confiar no plano de Deus, mesmo quando a vida é difícil. Por vezes, podemos sentir-nos indignos, esquecidos ou oprimidos, mas a declaração de Deus
sobre nós não muda: “Tu és o meu amado”.
Finalmente, viver como amado significa ser uma luz no mundo. O batismo de Jesus marcou o início do Seu ministério público – uma vida derramada em serviço, amor e sacrifício.
Ao reflectirmos sobre o batismo de Jesus, recordemos também o nosso. Renovemos o nosso compromisso de viver como filhos amados de Deus. Quando as tempestades da vida se agitam e a dúvida se insinua, que possamos ouvir novamente a voz do Pai: “Tu és o meu amado”.

Pe. José Arun, OCD

«Viemos do Oriente adorar o Rei»

EPIFANIA DO SENHOR

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 2, 1-12)


Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

Meditação

Hoje celebramos a festa da Epifania, um momento de revelação que estende a alegria do Natal a todas as nações. A palavra “epifania” significa “manifestação” e, no Evangelho, vemos os magos – os sábios – vindos de terras distantes para adorar o Menino Jesus. A sua viagem recorda-nos que Jesus não é apenas o Rei dos Judeus, mas o Salvador do mundo.
Os magos seguiram uma estrela, procurando a verdade e a luz. A sua busca conduziu-os a Belém, onde encontraram não apenas um rei, mas uma criança humilde, deitada na simplicidade de uma manjedoura. Trouxeram presentes de ouro, incenso e mirra – símbolos de realeza, divindade e sacrifício. Estes presentes prefiguram a missão de Jesus: A sua realeza sobre todos, a sua divindade como Filho de Deus e a sua morte sacrificial para a nossa salvação.
Esta festa desafia-nos a refletir: Quais são as estrelas que seguimos nas nossas vidas? Será que elas nos conduzem a Jesus? Tal como os reis magos, somos chamados a procurá-Lo de coração aberto, a trazer-Lhe os tesouros da nossa vida e a reconhecê-Lo como a Luz que dissipa as trevas.
A viagem dos magos também nos convida a reconhecer o chamamento universal de Cristo. As barreiras da raça, da língua e da cultura dissolvem-se na presença do Salvador. Nele, encontramos a unidade, a paz e a satisfação dos nossos anseios mais profundos.
Ao celebrarmos a Epifania, comprometamo-nos a ser portadores da luz de Cristo no mundo. Tal como a estrela guiou os magos, que as nossas vidas sejam um farol que guie os outros ao encontro do amor e da misericórdia de Deus.
Amen.

Pe. José Arun

Jesus é encontrado por seus pais no meio dos doutores

SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (2, 41-52)


Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos, subiram até lá, como era costume nessa festa. Quando eles regressavam, passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Passados três dias, encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas. Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.

Meditação

Hoje, ao celebrarmos a Festa da Sagrada Família, voltamos o nosso coração para Maria, José e Jesus – o modelo de fé, amor e perseverança. O seu percurso não foi isento de desafios. Desde o início, as suas vidas foram marcadas por lutas: a incerteza de Belém, a fuga para o Egito e as dificuldades normais da vida quotidiana em Nazaré. No entanto, apesar de tudo, permaneceram unidos, fiéis e firmes na sua confiança em Deus.
A sua história reflecte as nossas próprias viagens familiares. Tal como a Sagrada Família carregou as suas cruzes, também as nossas famílias são chamadas a suportar as dificuldades e a permanecer fiéis umas às outras e a Deus. Permitam-me que ilustre isto com uma pequena história.
Certa vez, um pai decidiu levar a família para uma caminhada até o topo de uma colina próxima, onde havia uma pequena cruz de madeira com vista para a cidade. Os seus filhos estavam entusiasmados, imaginando a vista e o piquenique que fariam no cume. Mas quando começaram a subir, o caminho tornou-se íngreme e rochoso. A filha mais nova tropeçou e raspou o joelho. O filho mais velho queixou-se do peso da sua mochila. Até a mãe ficou cansada sob o sol escaldante.
O pai, sentindo o desânimo, parou e apontou para a cruz visível ao longe. “Estão a ver aquela cruz ali em cima?”, pergunta. “Não é apenas um marco. Lembra-nos como Jesus carregou a Sua cruz por nós. Nós também podemos carregar a nossa, mesmo quando é difícil, porque sabemos que Ele está connosco.”
Com renovada determinação, a família prosseguiu. Chegaram ao cume e a vista valeu todo o esforço. Juntos, rezaram junto à cruz, agradecendo a Deus a força para ultrapassar os obstáculos.
A história reflecte a viagem da Sagrada Família. Maria e José enfrentaram inúmeras dificuldades: tiveram de fugir da sua casa para proteger Jesus, suportar as incertezas da vida como refugiados e, mais tarde, ver o seu Filho tomar a cruz definitiva para a salvação da humanidade. No entanto, carregaram estes fardos com uma fé inabalável, sabendo que o plano de Deus era maior do que as suas provações.
Nas nossas próprias famílias, passamos por desafios semelhantes. As dificuldades financeiras, os mal-entendidos, as doenças e as exigências da vida quotidiana podem parecer esmagadoras. Mas, tal como a Sagrada Família, somos chamados a caminhar juntos, apoiando-nos uns aos outros e confiando na providência de Deus.
Quais são as lições que podemos aprender com a Sagrada Família?
Fé no plano de Deus: Maria e José confiaram em Deus, mesmo quando não compreendiam totalmente os Seus caminhos. Nas nossas famílias, devemos fomentar esta mesma confiança, especialmente em tempos difíceis.
Unidade nas dificuldades: A Sagrada Família enfrentou as suas cruzes em conjunto. Como famílias, somos mais fortes quando nos apoiamos uns aos
outros, perdoando-nos e encorajando-nos mutuamente.
Amor e sacrifício: Tal como Jesus deu a Sua vida por nós, a vida familiar exige actos diários de amor e de doação.
Nesta Festa da Sagrada Família, deixemo-nos inspirar pelo seu exemplo. Abraçamos as cruzes da nossa vida familiar, confiantes de que Jesus caminha connosco. Avancemos em direção ao cume, sabendo que a viagem, embora desafiante, nos aproxima de Deus e uns dos outros.
Que as nossas famílias cresçam na fé, no amor e na perseverança, tornando-se famílias santas à nossa maneira. Amém.

«O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós»

QUARTA-FEIRA – NATAL DO SENHOR

EVANGELHO – Forma longa Jo 1, 1-18

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d’Ele, exclamando: «É deste que eu dizia: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim’». Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.

Meditação

Hoje, reunimo-nos no caloroso abraço do Natal, uma celebração do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o tão esperado Emanuel – Deus connosco. Nesta época sagrada, somos convidados a refletir sobre o profundo mistério de Deus que escolheu habitar entre nós, não como uma divindade distante, mas como um de nós.
Este ano, ao assinalarmos o Jubileu, lembramo-nos de que o conceito de Jubileu nas Escrituras é um tempo de libertação, renovação e restauração. Com raízes no Levítico 25, o ano do Jubileu era suposto ser um tempo em que as dívidas eram perdoadas, a terra descansava e os cativos eram libertados – um símbolo poderoso do desejo de Deus de que vivêssemos em liberdade e paz.
O nascimento de Jesus na mais humilde das circunstâncias diz muito sobre o amor de Deus e a sua identificação com a condição humana. Jesus não veio ao mundo com poder ou glória, mas como um bebé vulnerável, nascido numa manjedoura. A sua presença entre nós é a maior dádiva de esperança, assegurando-nos que, por mais escura que seja a noite, a luz do amor de Deus nunca se apagará.
Esta esperança não é apenas um sentimento; é uma realidade ancorada na promessa do Emanuel. Deus caminha connosco em todos os vales, em todas as tempestades e em todas as alegrias. Nos momentos em que nos sentimos esquecidos ou oprimidos, podemos agarrar-nos à verdade de que Deus está connosco, trabalhando ativamente para o nosso bem.
A mensagem do Jubileu ressoa profundamente com a missão de Cristo.
Neste ano jubilar, somos recordados de que o desejo de Deus é quebrar as correntes que nos prendem, sejam elas as correntes do pecado, do medo, do desespero ou da injustiça. O Natal é o Jubileu supremo – uma altura em que a maior dívida da humanidade, a dívida do pecado, foi perdoada através da dádiva de Jesus.
Ao celebrarmos o nascimento de Cristo, somos também chamados a ser portadores da Sua esperança para um mundo que muitas vezes se sente preso na escuridão. A esperança não é passiva; é ativa e transformadora. Somos convidados a encarnar o espírito do Jubileu, tornando-nos agentes de renovação e reconciliação nas nossas
famílias, comunidades e no mundo em geral.
Neste Natal, abracemos a experiência do Emanuel, celebrando o Deus que está connosco, e vivamos o espírito do Jubileu, partilhando a esperança de renovação e libertação com aqueles que nos rodeiam.
Que esta época seja para cada um de nós um Jubileu de graça, um tempo para reiniciar, perdoar e começar de novo.

Pe. José Arun