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«Jesus foi batizado e, enquanto orava, abriu-se o céu»

DOMINGO: Batismo do Senhor

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 3, 15-16.21-22)


Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias. João tomou a palavra e disse-lhes: «Eu baptizo-vos com água, mas vai chegar quem é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar as correias das sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo». Quando todo o povo recebeu o batismo, Jesus também foi batizado; e, enquanto orava, o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corporal, como uma pomba. E do céu fez-se ouvir uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».

Meditar a Palavra

Hoje, reflectimos sobre um dos momentos mais profundos do Evangelho: o batismo de Jesus no rio Jordão. Este acontecimento, embora aparentemente simples, é rico de significado e de força. No seu cerne estão as palavras proferidas pelo Pai: “Tu és o meu Filho muito amado; em ti me comprazo” (Marcos 1,11). Estas palavras revelam a profundidade do amor de Deus, não só por Jesus, mas por cada um de nós.
Imagine a humildade do Filho de Deus ao entrar nas mesmas águas que os pecadores, alinhando-Se com a humanidade na sua fragilidade. Embora sem pecado, Jesus escolheu ser batizado para mostrar solidariedade para connosco, para revelar a Sua missão de nos redimir e para prefigurar o batismo da Sua morte e ressurreição.
Quando fomos baptizados, o mesmo Espírito desceu sobre nós e o Pai declarou-nos Seus amados. Tal como a identidade de Jesus como Filho de Deus foi afirmada, também a nossa identidade como filhos de Deus é dada a conhecer no batismo.
Estas palavras – “Tu és o meu amado” – não são apenas para Jesus. Elas ecoam através dos tempos, pronunciadas sobre cada um de nós. O batismo não é apenas um ritual; é uma iniciação na família de Deus. Nesse momento, Deus olha para nós, a Sua criação, e declara: “Tu és o meu filho amado, tu és a minha filha amada”.
Este amor não é algo que conquistamos. Não depende das nossas realizações, dos nossos êxitos ou mesmo dos nossos fracassos. É uma dádiva que nos é concedida gratuitamente. O amor de
Deus por nós é incondicional, inabalável e eterno.
Mas quantas vezes nos esquecemos disto? Num mundo que nos diz que não somos suficientes, temos de nos agarrar à verdade de quem somos aos olhos de Deus. Somos amados e, por sermos amados, somos chamados a viver de uma forma que reflicta esse amor ao mundo.
O que é que significa viver como amados de Deus? Em primeiro lugar, significa reconhecer a nossa dignidade e a dignidade dos outros. Se somos amados por Deus, também o são todas as pessoas com quem nos cruzamos.
Em segundo lugar, viver como amado significa confiar no plano de Deus, mesmo quando a vida é difícil. Por vezes, podemos sentir-nos indignos, esquecidos ou oprimidos, mas a declaração de Deus
sobre nós não muda: “Tu és o meu amado”.
Finalmente, viver como amado significa ser uma luz no mundo. O batismo de Jesus marcou o início do Seu ministério público – uma vida derramada em serviço, amor e sacrifício.
Ao reflectirmos sobre o batismo de Jesus, recordemos também o nosso. Renovemos o nosso compromisso de viver como filhos amados de Deus. Quando as tempestades da vida se agitam e a dúvida se insinua, que possamos ouvir novamente a voz do Pai: “Tu és o meu amado”.

Pe. José Arun, OCD

«Viemos do Oriente adorar o Rei»

EPIFANIA DO SENHOR

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 2, 1-12)


Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.

Meditação

Hoje celebramos a festa da Epifania, um momento de revelação que estende a alegria do Natal a todas as nações. A palavra “epifania” significa “manifestação” e, no Evangelho, vemos os magos – os sábios – vindos de terras distantes para adorar o Menino Jesus. A sua viagem recorda-nos que Jesus não é apenas o Rei dos Judeus, mas o Salvador do mundo.
Os magos seguiram uma estrela, procurando a verdade e a luz. A sua busca conduziu-os a Belém, onde encontraram não apenas um rei, mas uma criança humilde, deitada na simplicidade de uma manjedoura. Trouxeram presentes de ouro, incenso e mirra – símbolos de realeza, divindade e sacrifício. Estes presentes prefiguram a missão de Jesus: A sua realeza sobre todos, a sua divindade como Filho de Deus e a sua morte sacrificial para a nossa salvação.
Esta festa desafia-nos a refletir: Quais são as estrelas que seguimos nas nossas vidas? Será que elas nos conduzem a Jesus? Tal como os reis magos, somos chamados a procurá-Lo de coração aberto, a trazer-Lhe os tesouros da nossa vida e a reconhecê-Lo como a Luz que dissipa as trevas.
A viagem dos magos também nos convida a reconhecer o chamamento universal de Cristo. As barreiras da raça, da língua e da cultura dissolvem-se na presença do Salvador. Nele, encontramos a unidade, a paz e a satisfação dos nossos anseios mais profundos.
Ao celebrarmos a Epifania, comprometamo-nos a ser portadores da luz de Cristo no mundo. Tal como a estrela guiou os magos, que as nossas vidas sejam um farol que guie os outros ao encontro do amor e da misericórdia de Deus.
Amen.

Pe. José Arun

Jesus é encontrado por seus pais no meio dos doutores

SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (2, 41-52)


Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos, subiram até lá, como era costume nessa festa. Quando eles regressavam, passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Passados três dias, encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas. Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.

Meditação

Hoje, ao celebrarmos a Festa da Sagrada Família, voltamos o nosso coração para Maria, José e Jesus – o modelo de fé, amor e perseverança. O seu percurso não foi isento de desafios. Desde o início, as suas vidas foram marcadas por lutas: a incerteza de Belém, a fuga para o Egito e as dificuldades normais da vida quotidiana em Nazaré. No entanto, apesar de tudo, permaneceram unidos, fiéis e firmes na sua confiança em Deus.
A sua história reflecte as nossas próprias viagens familiares. Tal como a Sagrada Família carregou as suas cruzes, também as nossas famílias são chamadas a suportar as dificuldades e a permanecer fiéis umas às outras e a Deus. Permitam-me que ilustre isto com uma pequena história.
Certa vez, um pai decidiu levar a família para uma caminhada até o topo de uma colina próxima, onde havia uma pequena cruz de madeira com vista para a cidade. Os seus filhos estavam entusiasmados, imaginando a vista e o piquenique que fariam no cume. Mas quando começaram a subir, o caminho tornou-se íngreme e rochoso. A filha mais nova tropeçou e raspou o joelho. O filho mais velho queixou-se do peso da sua mochila. Até a mãe ficou cansada sob o sol escaldante.
O pai, sentindo o desânimo, parou e apontou para a cruz visível ao longe. “Estão a ver aquela cruz ali em cima?”, pergunta. “Não é apenas um marco. Lembra-nos como Jesus carregou a Sua cruz por nós. Nós também podemos carregar a nossa, mesmo quando é difícil, porque sabemos que Ele está connosco.”
Com renovada determinação, a família prosseguiu. Chegaram ao cume e a vista valeu todo o esforço. Juntos, rezaram junto à cruz, agradecendo a Deus a força para ultrapassar os obstáculos.
A história reflecte a viagem da Sagrada Família. Maria e José enfrentaram inúmeras dificuldades: tiveram de fugir da sua casa para proteger Jesus, suportar as incertezas da vida como refugiados e, mais tarde, ver o seu Filho tomar a cruz definitiva para a salvação da humanidade. No entanto, carregaram estes fardos com uma fé inabalável, sabendo que o plano de Deus era maior do que as suas provações.
Nas nossas próprias famílias, passamos por desafios semelhantes. As dificuldades financeiras, os mal-entendidos, as doenças e as exigências da vida quotidiana podem parecer esmagadoras. Mas, tal como a Sagrada Família, somos chamados a caminhar juntos, apoiando-nos uns aos outros e confiando na providência de Deus.
Quais são as lições que podemos aprender com a Sagrada Família?
Fé no plano de Deus: Maria e José confiaram em Deus, mesmo quando não compreendiam totalmente os Seus caminhos. Nas nossas famílias, devemos fomentar esta mesma confiança, especialmente em tempos difíceis.
Unidade nas dificuldades: A Sagrada Família enfrentou as suas cruzes em conjunto. Como famílias, somos mais fortes quando nos apoiamos uns aos
outros, perdoando-nos e encorajando-nos mutuamente.
Amor e sacrifício: Tal como Jesus deu a Sua vida por nós, a vida familiar exige actos diários de amor e de doação.
Nesta Festa da Sagrada Família, deixemo-nos inspirar pelo seu exemplo. Abraçamos as cruzes da nossa vida familiar, confiantes de que Jesus caminha connosco. Avancemos em direção ao cume, sabendo que a viagem, embora desafiante, nos aproxima de Deus e uns dos outros.
Que as nossas famílias cresçam na fé, no amor e na perseverança, tornando-se famílias santas à nossa maneira. Amém.

«O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós»

QUARTA-FEIRA – NATAL DO SENHOR

EVANGELHO – Forma longa Jo 1, 1-18

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d’Ele, exclamando: «É deste que eu dizia: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim’». Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.

Meditação

Hoje, reunimo-nos no caloroso abraço do Natal, uma celebração do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, o tão esperado Emanuel – Deus connosco. Nesta época sagrada, somos convidados a refletir sobre o profundo mistério de Deus que escolheu habitar entre nós, não como uma divindade distante, mas como um de nós.
Este ano, ao assinalarmos o Jubileu, lembramo-nos de que o conceito de Jubileu nas Escrituras é um tempo de libertação, renovação e restauração. Com raízes no Levítico 25, o ano do Jubileu era suposto ser um tempo em que as dívidas eram perdoadas, a terra descansava e os cativos eram libertados – um símbolo poderoso do desejo de Deus de que vivêssemos em liberdade e paz.
O nascimento de Jesus na mais humilde das circunstâncias diz muito sobre o amor de Deus e a sua identificação com a condição humana. Jesus não veio ao mundo com poder ou glória, mas como um bebé vulnerável, nascido numa manjedoura. A sua presença entre nós é a maior dádiva de esperança, assegurando-nos que, por mais escura que seja a noite, a luz do amor de Deus nunca se apagará.
Esta esperança não é apenas um sentimento; é uma realidade ancorada na promessa do Emanuel. Deus caminha connosco em todos os vales, em todas as tempestades e em todas as alegrias. Nos momentos em que nos sentimos esquecidos ou oprimidos, podemos agarrar-nos à verdade de que Deus está connosco, trabalhando ativamente para o nosso bem.
A mensagem do Jubileu ressoa profundamente com a missão de Cristo.
Neste ano jubilar, somos recordados de que o desejo de Deus é quebrar as correntes que nos prendem, sejam elas as correntes do pecado, do medo, do desespero ou da injustiça. O Natal é o Jubileu supremo – uma altura em que a maior dívida da humanidade, a dívida do pecado, foi perdoada através da dádiva de Jesus.
Ao celebrarmos o nascimento de Cristo, somos também chamados a ser portadores da Sua esperança para um mundo que muitas vezes se sente preso na escuridão. A esperança não é passiva; é ativa e transformadora. Somos convidados a encarnar o espírito do Jubileu, tornando-nos agentes de renovação e reconciliação nas nossas
famílias, comunidades e no mundo em geral.
Neste Natal, abracemos a experiência do Emanuel, celebrando o Deus que está connosco, e vivamos o espírito do Jubileu, partilhando a esperança de renovação e libertação com aqueles que nos rodeiam.
Que esta época seja para cada um de nós um Jubileu de graça, um tempo para reiniciar, perdoar e começar de novo.

Pe. José Arun

«Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?»

DOMINGO IV DO ADVENTO

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».

Refere Santa Teresa:

«Quem não tem ser Vós juntais
com o Ser que não se acaba;
sem acabar acabais,
sem ter que amar amais,
e engrandeceis o nosso nada» (Poema 6)

Meditação

Na passagem do Evangelho de hoje, somos atraídos para o belo encontro entre Maria e Isabel. Este encontro é um momento profundo de alegria, reconhecimento e bênção mútua, e oferece-nos uma rica reflexão sobre o que significa viver o Advento como um tempo de bênção para os outros.
A viagem de Maria a Isabel não é meramente física; é um ato de amor e de serviço. Apesar dos seus próprios desafios – ser jovem, recém-noiva e agora grávida em circunstâncias extraordinárias – Maria põe de lado as suas próprias preocupações para estar presente para Isabel. Esta é uma poderosa lembrança de que o Advento não é apenas um tempo de espera, mas também um tempo de movimento para fora, de ir para além de nós próprios e chegar aos necessitados.
Quando Maria cumprimenta Isabel, acontece algo de extraordinário: João Batista, ainda no ventre de Isabel, salta de alegria. Isabel, cheia do Espírito Santo, reconhece Maria como “a mãe do meu Senhor”. Este momento revela o poder transformador da presença de Cristo, mesmo na sua forma oculta.
No Advento, preparamo-nos para celebrar a vinda de Cristo ao mundo, mas também nos lembramos de que Ele já está entre nós – na Eucaristia, na Palavra e nas pessoas que encontramos diariamente. Para sermos uma bênção para os outros, devemos primeiro reconhecer Cristo neles.
A visita de Maria torna-se uma fonte de bênção espiritual e física.
Da mesma forma, quando nos permitimos ser uma bênção para os outros, partilhamos a alegria do Advento. Quer seja através de um simples ato de bondade, de um ouvido atento ou de uma oração sincera, as nossas acções podem trazer luz e esperança aos que nos rodeiam. Esta alegria, enraizada no amor, é uma antecipação da alegria suprema que celebramos no Natal: a vinda do nosso Salvador.
Ao continuarmos a nossa viagem de Advento, sigamos o exemplo de Maria, saindo para sermos uma bênção para os outros. Ao fazê-lo, não só preparamos os nossos corações para a vinda de Cristo, mas também permitimos que a Sua presença em nós transforme o mundo à nossa volta. Que possamos, como Maria e Isabel, encher-nos de alegria e do
Espírito Santo, levando a luz de Cristo a todos os que encontrarmos. Amém.

Pe. José Arun

«Esta pobre viúva deu mais do que todos os outros»

DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (12,38-44)


Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas, com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa». Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».

Com os santos do Carmelo

Refere São João da Cruz

«Uma obra feita às escondidas e sem querer que se saiba, por pequena
que seja, agrada mais a Deus do que mil feitas com vontade de
que os homens as vejam. Quem faz as coisas por Deus no amor mais
puro, pouco se importa que os homens as vejam, pois nem as faz para
que o próprio Deus as conheça. E ainda que Ele nunca as viesse a conhecer,
não deixaria de Lhe prestar os mesmos serviços com a mesma
alegria e pureza de amor.» (Ditos de luz e amor 20)

Meditação

No Evangelho de hoje, de São Marcos 12,38-44, Jesus fala aos seus discípulos em duas cenas poderosas que parecem distintas, mas estão profundamente ligadas. Primeiro, alerta para o orgulho dos escribas e para o facto de procurarem atenção, honra e riqueza material em vez de humildade e devoção a Deus. Depois, chama a atenção para uma viúva pobre que põe duas pequenas moedas no tesouro do templo – tudo o que tinha para viver. Através do seu ato humilde, Jesus dá-nos uma lição profunda sobre a verdadeira doação.
Os escribas, exteriormente religiosos, concentram-se nas aparências e nas recompensas, mostrando que a sua dádiva não é realmente para Deus ou para os outros; é para eles próprios. A viúva, no entanto, aproxima-se sem qualquer fanfarra. A sua oferta é pequena
em valor, mas aos olhos de Deus não tem preço, porque vem do seu coração e da sua confiança.
Nesta leitura, Jesus não está a condenar a riqueza, mas sim o coração que está por detrás da dádiva. Convida-nos a refletir sobre como e porque damos. Será que o nosso dar é, por vezes, uma tentativa de obter reconhecimento, conforto ou controlo? Ou será que damos por amor genuíno a Deus e ao próximo, confiando plenamente n’Ele?
Jesus considera a pequena oferta da viúva como o verdadeiro modelo de doação, porque ela deu “da sua pobreza”. O seu ato foi sacrificial e resultou de uma profunda confiança no cuidado de Deus para com ela. Ela desafia-nos com uma pergunta: Estaremos nós dispostos a dar de nós próprios e do que temos desta forma?
Dar, no sentido bíblico, não se trata apenas de dinheiro. Tem a ver com tempo, energia, compaixão, perdão – todo o nosso ser. Isto levanta uma questão para cada um de nós: Será que damos alguma coisa que nos custe verdadeiramente alguma coisa?
A oferta da viúva é um lembrete de que, perante Deus, o valor de uma oferta não reside no seu valor, mas no espírito que lhe está associado. Isto não quer dizer que todos devam dar tudo, mas sim que a nossa dádiva deve vir de um lugar de confiança em Deus, um lugar que O coloca a Ele e aos outros acima de nós próprios. É aqui que encontramos a verdadeira paz, alegria e significado.
Ao longo desta semana, peçamos a graça de dar como a viúva – sem procurar elogios ou recompensas, mas num espírito de amor, confiança e humildade,
dando com todo o nosso coração, tal como Deus tão generosamente nos deu. Amém.

Pe. José Arun

«Amarás o Senhor teu Deus. Amarás o teu próximo»

DOMINGO XXXI DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos


Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.

Com os santos do Carmelo

Diz Isabel da Trindade

«Jesus, tu que és tão humilde de coração, molda o meu para que seja a tua morada predileta, para que venhas repousar nele e aí converses comigo em união ideal. Que o meu pobre coração seja um só com o vosso divino coração e, para isso, quebre, arranque, consuma tudo o que vos desagrada.» (Diário espiritual 119)

Meditação

No Evangelho de hoje, Jesus destila os mandamentos em dois princípios fundamentais: o amor a Deus e o amor ao próximo, sublinhando uma mensagem que reverbera em todos os Evangelhos – que a verdadeira adoração é profundamente relacional e está enraizada no amor.
Jesus não se fica pelo amor a Deus. Acrescenta: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Ao fazê-lo, Jesus liga o amor a Deus e o amor ao próximo de forma inseparável. Não podemos afirmar que amamos Deus se não amarmos os outros, porque cada pessoa é feita à imagem de Deus. Isto é radical porque, na altura, a devoção religiosa era frequentemente vista como uma esfera separada das relações sociais. No entanto, Jesus mostra-nos que as duas estão interligadas; amar a Deus exige que
cuidemos dos outros com compaixão, misericórdia e respeito.
Este duplo mandamento desafia-nos a reexaminar a forma como amamos. O amor a Deus, embora profundamente pessoal, não pode ser mantido privado ou exclusivo. Ele transborda naturalmente, espalhando-se pelas nossas relações, pelo mundo que nos rodeia. Se os nossos corações estão alinhados com Deus, o amor ao próximo torna-se uma extensão natural desse amor divino que está dentro de nós.
O escriba responde a Jesus com compreensão, dizendo: “Isto é muito mais importante do que todos os holocaustos e sacrifícios”. A sua resposta é notável; ele compreende que o amor de Deus e o amor do próximo são maiores do que o ritual, mais essenciais do que a tradição.
Jesus afirma-o então com as palavras: “Não estás longe do Reino de Deus”.
Esta visão convida-nos a refletir sobre a forma como abordamos a nossa própria fé. A verdadeira adoração que agrada a Deus não se encontra em gestos vazios ou rotinas, mas em corações que procuram amar, perdoar e servir.
Ao meditarmos neste Evangelho, podemos perguntar-nos: “O que significa para mim amar a Deus com todo o meu coração, alma, mente e força?” Isso pode significar reservar um tempo diário para a oração, para ouvir a orientação de Deus, para estudar as Escrituras ou para cultivar um espírito de gratidão.
Da mesma forma, “O que é que significa amar o meu próximo como a mim mesmo?” Talvez signifique demonstrar paciência em relacionamentos difíceis, perdoar alguém que nos magoou ou
estender a mão a alguém em necessidade. Cada pequeno ato de bondade, cada momento de paciência ou de perdão, torna-se uma oferta a Deus. É este o tipo de adoração a que Jesus nos convida – uma adoração expressa através do amor em ação.
Que possamos levar estas palavras a peito, pedindo a Deus que nos ajude a viver este mandamento todos os dias, para que as nossas vidas dêem testemunho de um amor que vem d’Ele e nos leva de volta a Ele.

Pe. José Arun

«O Filho do homem veio para dar a vida pela redenção de todos»

DOMINGO XXIX DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 10, 35-45)


Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu vou ser batizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

Com os santos do Carmelo

Refere Santa Teresa…

«No entanto, tende presente que a abelha não deixa de sair e voar para sugar as flores. Creiam-me que assim deve fazer a alma no conhecimento próprio: de vez em quando deve voar para apreciar a grandeza e a majestade do seu Deus. Acreditem que, com a força de Deus, praticaremos muito melhor a virtude do que continuarmos tão presas ao nosso barro… A meu ver, nunca chegaremos a conhecer-nos se não procurarmos conhecer a Deus. Contemplando a Sua grandeza, acudiremos à nossa pequenez; vendo a Sua pureza, veremos a nossa sujidade; considerando a Sua humildade, reconheceremos quão longe estamos de ser humildes.» (1M 2 8-9)

Meditação da Palavra

O Dia Mundial das Missões recorda-nos que a Igreja é fundamentalmente missionária. O mandato de Jesus de “ir e fazer discípulos de todas as nações” chama cada um de nós a partilhar a Boa Nova. Podemos não ser todos chamados a terras distantes, mas somos todos chamados a testemunhar o amor de Cristo onde quer que estejamos. A corrida de corta-mato de 2012 em Madrid ficou famosa por um extraordinário ato de desportivismo que envolveu o atleta queniano Abel Mutai e o atleta espanhol Iván Fernández. Na reta final da corrida, Mutai liderava e estava a poucos metros da vitória quando, por engano, parou, pensando que já tinha cruzado a linha de chegada. Ao ver o que tinha acontecido, Fernández, que estava em segundo lugar, poderia facilmente ter aproveitado a vantagem e conquistado a vitória. No entanto, em vez de passar Mutai, preferiu guiá-lo até à meta, permitindo que o queniano garantisse a vitória que tinha merecido. Quando lhe perguntaram por que razão o fez, Fernández explicou que Mutai era o vencedor por direito e não merecia aproveitar-se do seu erro. Ele disse: “Quero ganhar, mas não só para mim; os que correm comigo também têm de ganhar, e esse é o meu grande sonho: ajudar os outros a ganhar e a chegar ao primeiro lugar”.

No Evangelho de hoje, João e Tiago perguntam abertamente a Jesus se podem sentar-se à sua direita e à sua esquerda quando Ele se sentar no trono. Fazem esta pergunta à frente dos outros dez discípulos, que ficam zangados. Porquê? Porque também eles tinham o mesmo desejo. É nesse momento que Jesus lhes diz: “Se queres ser o primeiro, tens de ser o servo dos outros. Tens de ajudar os outros”. Só quero fazer-vos algumas perguntas. Recentemente, houve o anúncio dos Prémios Nobel. Sabem quem ganhou o Prémio Nobel da Literatura? Quem ganhou na área da ciência? Quem ganhou o Prémio Nobel da Paz? Alguns de nós podem não se lembrar. Algumas pessoas podem lembrar-se destes pormenores, enquanto outras não. Não é necessário ou obrigatório que todos se lembrem de todos os vencedores. Quando lemos sobre eles nas notícias, lembramo-nos durante algum tempo, mas, de resto, não nos lembramos, porque não estamos diretamente ligados a eles. Agora, deixem-me fazer algumas perguntas diferentes: Lembram-se do nome do vosso melhor professor? Lembram-se dos vossos melhores amigos? Lembram-se do nome da pessoa que vos ajudou? Lembram-se deles porque fizeram a diferença na vossa vida. Tornaram-se parte do seu coração. Nas nossas vidas, não nos lembramos apenas daqueles que venceram; lembramo-nos daqueles que nos ajudaram a ter sucesso. O Dia da Missão é um lembrete de que todos nós somos chamados a sair das nossas zonas de conforto e a servir os outros. É um dia para vivermos o mandamento de amar o próximo como a nós mesmos. Quando ajudamos os outros, reflectimos o amor e a compaixão de Deus, tornando-nos instrumentos da Sua graça no mundo. Cada ato de bondade – grande ou pequeno – tem o poder de fazer a diferença. Pode ser oferecer um ouvido atento, dar uma mão ou partilhar recursos. Estes actos não só abençoam aqueles que ajudamos, como também transformam os nossos próprios corações, aproximando-nos de Deus. Deixemos que o Dia da Missão nos inspire a olhar à nossa volta e ver onde podemos levar esperança e alegria. É um lembrete de que a nossa fé não é apenas sobre palavras, mas sobre ação, mostrando o amor de Deus de formas tangíveis. Sirvamos com generosidade, sabendo que, quando ajudamos os outros, estamos a servir o próprio Cristo.

Imagem:  Fonte: http://migre.me/rMEtb

«Deixais o mandamento de Deus para vos prenderdes à tradição dos homens»

DOMINGO XXII DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos


Naquele tempo, reuniu-se à volta de Jesus um grupo de fariseus e alguns escribas que tinham vindo de Jerusalém. Viram que alguns dos discípulos de Jesus comiam com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. – Na verdade, os fariseus e os judeus em geral não comem sem ter lavado cuidadosamente as mãos, conforme a tradição dos antigos. Ao voltarem da praça pública, não comem sem antes se terem lavado. E seguem muitos outros costumes a que se prenderam por tradição, como lavar os copos, os jarros e as vasilhas de cobre –. Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus: «Porque não seguem os teus discípulos a tradição dos antigos, e comem sem lavar as mãos?». Jesus respondeu-lhes: «Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. É vão o culto que Me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’. Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens». Depois, Jesus chamou de novo a Si a multidão e começou a dizer-lhe: «Escutai-Me e procurai compreender. Não há nada fora do homem que ao entrar nele o possa tornar impuro. O que sai do homem é que o torna impuro; porque do interior do homem é que saem as más intenções: imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, cobiças, injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem do interior do homem e são eles que o tornam impuro».

Com os santos do Carmelo

Refere Santa Teresa

«A partir daí, tudo o que não vejo guiado para o serviço de Deus parece-me ser grande vaidade e mentira» (V 40, 2). «Olhemos para as nossas faltas e deixemos as dos outros. Já sabemos que é muito próprio de pessoas tão compostas escandalizarem-se por tudo e por nada. E, porventura, no essencial até poderíamos aprender com quem mais nos escandaliza.» (3M 2,13) «Oh, que grande engano! Que o Senhor, pela Sua misericórdia, nos dê luz para não cairmos em semelhantes trevas.» (5M 4, 6).

Meditação

A estreiteza de espírito dos fariseus pode ser a nossa. Se surgem em nós questões insidiosas, cujo objetivo é controlar a vida dos outros, então a nossa oração precisa de uma conversão profunda. A comunhão com Deus é uma coisa fascinante; vai muito para além das tradições e das tentativas de controlar a vida dos outros e de julgar os outros com superioridade. Quando a oração não conhece o caminho do coração, fica apenas nos lábios e não chega ao coração de Deus. A verdadeira oração nasce de um coração aberto a Deus e aos outros. O Espírito chama-nos a uma conversão profunda a Jesus Cristo, o verdadeiro Amigo, nosso único Mestre e Senhor, e ao seu Reino. (CIPE)

Imagem retirada de: https://diocesedecrato.org/homilia-do-22o-domingo-do-tempo-comum-ano-b/

«A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida»

DOMINGO XX DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é minha carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?». E Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente».

Com os Santos do Carmelo

Refere Santa Teresa

«Oh meu Deus e minha Sabedoria infinita, sem medida e sem limites, acima de todos os entendimentos angélicos e humanos! Oh Amor, que me amas mais do que eu me posso amar a mim! Não entendo!» (Exclamações XVII, 1);

«Com que caminhos, com que maneiras e com que modos nos mostrais o Vosso amor!… E, além disto, dizeis (…) palavras que tocam tão profundamente a alma que Vos ama.» (Conceitos do amor a Deus 3, 14)

Meditação

Jesus Cristo nos convida a algo muito especial: a comer a Sua carne e a beber o Seu sangue. Como será isso, perguntam alguns. Algo de humano se transformou em comida celestial; um fenómeno que se transforma em sacramento; um milagre manifestado à humanidade; o alimento que perdura para sempre; a doçura de Deus que toca nos nossos corpos mortais; o alimento eterno que transforma a criatura; o eterno que dá vida eterna ao mortal. Este é o fim da história: Deus fez-se homem para que o homem se faça como Deus. Jesus alimenta-nos com o seu corpo e nos dá vida, nos salva e nos diviniza. Contudo, este alimento não poderá ser adquirido de qualquer maneira, é necessário que haja uma comunhão de amizade e de compreensão dos seus caminhos. Este alimento é de graça, mas não é de simples compreensão. É necessário fazer uma caminho de fé, de abertura do coração a Deus. Quando de facto, nos aproximamos deste alimento de coração simples e humilde, se abrem as portas do céu e se derrama as graças celestiais. Este alimento é distribuído no sacramento da Eucaristia. De facto, é o maior milagre que temos entre nós, aí Deus se manifesta ao mundo pelo Seu Filho, aí se abrem as portas da misericórdia, aí se sana todo o mal e se cura toda a enfermidade, o verdadeiro alimento que nos sacia e nos conforta nos caminhos da vida. Comei e bebei, saboreai como é bom o Senhor. Só quem prova deste alimento poderá dizer algo sobre ele, pois ninguém pode amar aquilo que não se conhece.