Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo,
Hoje celebramos com toda a Igreja a Dedicação da Basílica de São João de Latrão, a catedral do Papa, Bispo de Roma, e, por isso, a mãe e cabeça de todas as igrejas do mundo. Esta celebração convida-nos a elevar o olhar para o mistério da Igreja, casa de Deus e casa de todos os seus filhos.
O Evangelho que acabámos de ouvir apresenta-nos Jesus a purificar o templo de Jerusalém. Encontrando-o cheio de comerciantes e cambistas, o Senhor faz um chicote de cordas e expulsa-os, dizendo:
“Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio.”
Com este gesto profético, Jesus recorda a todos que a casa de Deus é lugar de encontro, de oração e de adoração, não de interesse nem de vaidade humana. Mas o Evangelho vai mais longe: quando os judeus Lhe perguntam com que autoridade faz aquilo, Jesus responde:
“Destruí este templo, e em três dias o levantarei.”
Eles pensavam no templo de pedra, mas Ele falava do templo do seu corpo.
Aqui está o coração da nossa celebração de hoje. O verdadeiro templo onde Deus habita não é feito de mármore nem de ouro, mas é o corpo de Cristo, morto e ressuscitado. Em Jesus, Deus veio habitar no meio de nós. Ele é o novo e eterno Templo. E, pela graça do Batismo, nós tornámo-nos membros desse Corpo, templos vivos do Espírito Santo.
A Basílica de Latrão, que hoje festejamos, é sinal visível dessa realidade invisível. É um edifício que representa a unidade da Igreja espalhada pelo mundo. Ao celebrar a sua dedicação, não olhamos apenas para as paredes de pedra, mas para a Igreja viva, feita de homens e mulheres que acolhem a presença de Deus.
Cada igreja consagrada é um sinal concreto de que Deus quer habitar connosco. Cada vez que entramos num templo, somos convidados a renovar esta consciência: não estamos apenas num espaço sagrado — somos nós o templo que Ele santifica.
Mas esta festa também nos provoca: será que o templo do nosso coração está limpo e aberto à presença de Deus? Ou está cheio de ruído, distrações e apegos que nos afastam do essencial? Jesus, ao purificar o templo de Jerusalém, também deseja purificar o interior de cada um de nós — para que o Pai possa habitar verdadeiramente no nosso coração.
Queridos irmãos, celebrar esta dedicação é renovar o nosso amor pela Igreja: não apenas pelo edifício material onde nos reunimos, mas pela comunidade que somos, corpo vivo de Cristo.
Cuidemos da Igreja como cuidamos da nossa casa, com zelo, com fé, com amor. E peçamos a graça de sermos pedras vivas deste templo espiritual, firmes na caridade e unidos em comunhão com o Papa e toda a Igreja.
Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja, nos ajude a conservar puro o templo do nosso coração e a fazer da nossa vida um lugar onde Deus possa ser amado e conhecido.
Ámen.