Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo
Caríssimos irmãos e irmãs,
Celebramos hoje a Solenidade de Cristo Rei, que encerra o ano litúrgico e nos convida a contemplar o Senhor Jesus como centro da história, sentido da nossa vida e meta da nossa caminhada. Mas, ao proclamarmos Cristo como Rei, não nos referimos a um rei à maneira do mundo, revestido de poder, ostentação ou domínio. O Evangelho mostra-nos exatamente o contrário: o trono de Jesus é a cruz; a sua coroa é de espinhos; o seu poder é o amor que se entrega até ao fim.
É precisamente na cruz que Jesus manifesta a verdadeira realeza. O Evangelho deste domingo coloca-nos diante de um diálogo impressionante entre Cristo e o “bom ladrão”. Um homem condenado, pendente da cruz, reconhece em Jesus aquilo que muitos poderosos da época não foram capazes de ver: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino”. E Jesus responde com a promessa mais bela e consoladora: “Hoje estarás comigo no Paraíso”.
Que Reino é este, diante do qual um pecador arrependido é acolhido de imediato? O Reino de Cristo não se funda em territórios ou riquezas, mas na misericórdia, na justiça, na paz e na verdade. É um Reino que transforma o coração humano e nos abre à vida eterna. O poder de Cristo é o poder de quem perdoa, cura, levanta, reconcilia e introduz cada pessoa na dignidade de filho amado do Pai.
Caríssimos, ao celebrarmos Cristo Rei, somos também chamados a examinar a nossa vida para ver se realmente O deixamos reinar em nós. Deixamos que Cristo reine nos nossos pensamentos, nas nossas escolhas, no modo como tratamos os outros? Permitimos que Ele reine na nossa família, nos nossos relacionamentos, no nosso trabalho, na nossa comunidade cristã? Ou, pelo contrário, substituímo-Lo por outros “reis”: o individualismo, o consumismo, o orgulho, o poder, o comodismo?
Cristo deseja reinar, mas não força a porta: Ele pede o nosso “sim”. É um Rei que serve, que lava os pés, que procura a ovelha perdida, que acolhe o pecador arrependido. A sua realeza manifesta-se na capacidade de transformar o coração humano, quando este se abre à sua graça.
Hoje, ao concluirmos o ano litúrgico, a Igreja recorda-nos que toda a história converge para Cristo. Um dia Ele será tudo em todos. E nós, que hoje caminhamos muitas vezes entre sombras, dúvidas e fragilidades, seremos plenamente iluminados pela sua glória. Esta festa é, portanto, um convite à esperança. Não caminhamos ao acaso. Caminhamos para um encontro: o encontro definitivo com Cristo, Rei do Universo e Rei dos nossos corações.
Peçamos ao Senhor a graça de O reconhecermos como Rei na nossa vida e de nos deixarmos conduzir por Ele. Como o bom ladrão, saibamos dizer com sinceridade: “Jesus, lembra-te de mim”. E como resposta, possamos ouvir sempre a sua voz: “Hoje estarás comigo…”.
Que Cristo Rei reine nas nossas famílias, nas nossas paróquias e na nossa sociedade, pela força do amor que salva.
Amen.