Liberta-te das tuas redes!

Domingo III do Tempo Comum ou Domingo da Palavra de Deus

Evangelho segundo São Marcos (1,14-20)

Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram Jesus. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus.

Com os santos do Carmelo

Refere Santa Teresa…

«Oh meu Senhor, se verdadeiramente Vos conhecêssemos, não faríamos caso de nada, porque muito dais a quem deveras se quer fiar de Vós! Acreditai, amigas, que é uma grande coisa entender esta verdade; assim, convencer-nos-emos de que os favores do mundo são todos uma mentira quando desviam um pouco a alma de andar dentro de si. Oh, valha-me Deus, se houvesse alguém capaz de vos fazer compreender isto! Com certeza que não serei eu, porque, apesar de me ver obrigada mais do que ninguém, não acabo de me compenetrar desta verdade como deveria.» (Caminho de perfeição 29, 3).

Meditação…

Através da proclamação da Palavra de Deus o coração que a recebe de boa vontade, mesmo no meio dos seus afazeres e coberto de redes que o impedem de avançar, pode deixar tudo e seguir pelo mar da graça e da fé. Jesus continua hoje a olhar para cada um de nós e com esse olhar ilumina o nosso coração coberto de redes que escurece e impede o nosso caminhar. O mar em que estamos envolvidos, que é o mundo, está cheio de perigos, «às vezes a sua água é amarga, às vezes salgada; às vezes é calma, às vezes turbulenta; está em constante mudança, nunca é estável; às vezes flui, às vezes reflui. Muitos grandes foram engolidos pelo seu abismo. O mergulhador nas profundezas prende a respiração, para não ser vomitado como uma haste de palha. O mar é um elemento sem lealdade. Não te fies nele; acabará por te afogar. É inquieto por causa do amor que dedica ao amigo. Às vezes faz rolar grandes vagalhões, às vezes ruge. Já que o mar não encontra o que deseja, como encontrarás nele um lugar de descanso para o coração? O oceano é um riacho que se ergue no caminho que conduz ao amigo; porquê, então, ficar aqui, contente, e nada fazer para ver o rosto de (…) [Cristo].» (Farid Ud-Din Attar, A conferência dos Pássaros, P. 35s). Segue-O e verás grandes coisas.

Frei David, Ocd