DOMINGO VII DA PÁSCOA: ASCENSÃO DO SENHOR
SOLENIDADE
Conclusão do santo Evangelho segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso. Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto». Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.
Homilia Pe. José Arun
Homilia sobre Lucas 24,46-53 – Domingo da Ascensão do Senhor
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Neste Domingo da Ascensão do Senhor, a liturgia convida-nos a contemplar um momento decisivo na missão de Jesus e na vida da Igreja nascente. O Evangelho segundo São Lucas (24,46-53) apresenta-nos Jesus ressuscitado, despedindo-Se dos Seus discípulos. Mas reparemos: não o faz com tristeza, nem em tom de adeus, mas com a promessa do Espírito, com uma missão clara e com uma bênção que permanece.
“Assim está escrito: o Messias havia de sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia.”
Com estas palavras, Jesus recorda aos discípulos que a Sua paixão, morte e ressurreição não foram tragédias imprevistas, mas parte do plano de Deus para a salvação da humanidade. A cruz não é o fim – é o caminho. A ressurreição não é apenas o fecho de uma história gloriosa, mas o início de uma nova etapa: a da missão da Igreja. E agora, com a Ascensão, Jesus não desaparece – Ele eleva-Se para estar presente de uma forma nova e universal.
“Em seu nome hão-de ser pregados a conversão e o perdão dos pecados a todos os povos.”
Este é o coração da missão confiada por Jesus: o anúncio da conversão e do perdão. A Ascensão marca o início do tempo da Igreja. Jesus sobe ao Céu e envia-nos a nós, os seus discípulos, à Terra, para dar continuidade à Sua obra. Onde houver feridas, seremos instrumentos de cura; onde houver pecado, levaremos o perdão; onde houver desânimo, levaremos a esperança.
“Vós sois testemunhas de todas estas coisas.”
Ser testemunha não é apenas recordar o que aconteceu, mas tornar presente, com a própria vida, aquilo que se viu e se viveu. Jesus confia-nos esta missão com total confiança. A Ascensão não é uma separação, mas uma passagem: Jesus entrega-nos a missão, e promete-nos o Espírito Santo como força e guia.
“Depois levou-os para fora, até junto de Betânia, e, levantando as mãos, abençoou-os.”
Jesus parte enquanto abençoa. Que imagem bela e consoladora! Ele não parte com exigências ou julgamentos, mas com bênçãos. Essa bênção não terminou ali – permanece sobre a Igreja, sobre nós. E essa bênção é também uma força que nos envia: com coragem, com paz e com alegria.
E qual é a reacção dos discípulos?
“Eles prostraram-se diante d’Ele. Depois regressaram a Jerusalém com grande alegria.”
Jerusalém, que fora o palco do sofrimento e da morte, torna-se agora o ponto de partida da missão. E reparemos: os discípulos não estão tristes. Estão cheios de alegria, porque compreenderam que Jesus não está ausente, mas presente de outra forma – e que o Espírito Santo está para chegar.
Queridos irmãos e irmãs,
Que esta solenidade reavive em nós o ardor missionário, a confiança na presença viva de Cristo e o desejo profundo de sermos testemunhas do Ressuscitado no nosso mundo. Que saibamos olhar para o Céu com esperança, sem nunca deixar de amar, servir e transformar o mundo à nossa volta.
Ámen.