DOMINGO XII DO TEMPO COMUM
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Eles responderam: «Uns, dizem que és João Batista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou». Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus». Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse e acrescentou: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia». Depois, dirigindo-Se a todos, disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, há de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á».
Meditação da Palavra
Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo,
O Evangelho de hoje coloca-nos diante de uma das perguntas mais importantes de toda a nossa fé. Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem as multidões que Eu sou?” E depois, mais diretamente: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”
Esta pergunta, feita há dois mil anos, permanece viva hoje. Porque não é apenas uma questão para os discípulos de então. É uma pergunta que Jesus dirige a cada um de nós. No silêncio do nosso coração, Ele continua a perguntar: “Quem sou Eu para ti?”
Pedro, inspirado pelo Espírito, responde com fé: “És o Messias de Deus.” É a resposta certa, mas Jesus logo os adverte para que não espalhem isso. Porquê? Porque os discípulos ainda não compreendiam bem o que significava ser o Messias. Não era o Messias glorioso e triunfante que muitos esperavam. Era o Messias que haveria de sofrer, ser rejeitado, morrer e ressuscitar ao terceiro dia.
E é aqui que Jesus nos surpreende. Porque Ele não apenas revela o seu caminho de cruz, mas também nos convida a segui-Lo nesse mesmo caminho:
“Se alguém Me quiser seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-Me.”
Meus irmãos, o seguimento de Jesus não é feito apenas de palavras bonitas ou de momentos festivos. Seguir Jesus é um caminho de entrega, de renúncia, de amor que se doa até ao fim. Tomar a cruz cada dia é assumir as nossas responsabilidades, é amar quando custa, é perdoar quando dói, é manter a fé mesmo nas noites escuras da vida.
Jesus diz-nos ainda:
“Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á.”
Estas palavras parecem duras, mas são a chave da verdadeira liberdade. Porque só quando deixamos de viver centrados em nós mesmos é que descobrimos o dom de viver para os outros, e para Deus.
Na cruz de cada dia está escondido um mistério de salvação. Quando a aceitamos com fé, como Jesus aceitou a d’Ele, a nossa vida transforma-se. Torna-se fecunda. Dá fruto.
Caros irmãos, esta semana que agora começa, deixemos ecoar no coração aquela pergunta de Jesus:
“E vós, quem dizeis que Eu sou?”
Que a nossa resposta não seja apenas de palavras, mas de vida. Que seja uma resposta feita de escolhas concretas, de amor vivido no quotidiano, de fidelidade silenciosa nas pequenas coisas. E se a cruz nos pesar, lembremo-nos: não a carregamos sozinhos. Jesus caminha connosco.
Maria, Mãe fiel junto da cruz, nos ajude a seguir o seu Filho com coragem e amor.
Ámen.
Pe. José Arun