Domingo XVI do Tempo Comum (Ano C)

Caríssimos irmãos e irmãs,

No Evangelho, vemos Jesus a visitar a casa de duas irmãs: Marta e Maria. Aparentemente, é uma cena simples e doméstica. No entanto, carrega uma profunda lição para a nossa vida de fé.

Marta, diligente e acolhedora, está preocupada em servir bem. Corre de um lado para o outro, inquieta com os preparativos. Maria, por sua vez, senta-se aos pés de Jesus e escuta atentamente as Suas palavras.

Jesus dirige-se a Marta com ternura: “Marta, Marta, andas inquieta com muitas coisas…” — e aponta que uma só é necessária. Maria escolheu essa parte: a escuta da Palavra, a presença silenciosa diante do Senhor.

Esta passagem não nos convida a desprezar o serviço. Pelo contrário, Jesus também nos ensina a servir. Mas aqui Ele quer ensinar-nos a dar prioridade à escuta, à contemplação, à intimidade com Deus.

Na nossa vida, muitas vezes parecemos mais com Marta. Vivemos apressados, ocupados com mil tarefas — mesmo na Igreja. Organizamos actividades, tratamos de tudo… mas por vezes esquecemo-nos de escutar o Senhor, de estar com Ele.

Maria ensina-nos que o verdadeiro discípulo é aquele que, antes de fazer, sabe parar, silenciar e escutar. A partir daí, o serviço torna-se mais fecundo, mais sereno, mais enraizado em Deus.

Não se trata de opor Marta a Maria. A vida cristã precisa das duas dimensões: acção e contemplação. Mas Jesus deixa claro: a escuta deve vir primeiro.

Hoje, Jesus pergunta-nos:

E tu, onde tens colocado o teu coração?

Tens tempo para mim, ou andas sempre inquieto com muitas coisas?

Que esta celebração nos ajude a recentrar a nossa vida. A escolher, como Maria, a melhor parte — aquela que ninguém nos pode tirar: a presença de Jesus, a Sua Palavra, a intimidade com Ele.

E que, como Marta, também O sirvamos, mas com o coração enraizado na escuta e na paz.

Ámen.

José Arun

Domingo xv (Ano C)

Quem é o meu próximo?”

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

No Evangelho de hoje, São Lucas apresenta-nos uma das parábolas mais tocantes e desafiadoras do ministério de Jesus: a parábola do Bom Samaritano. Tudo começa com uma pergunta de um doutor da Lei, que tenta pôr Jesus à prova:
“Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”

Jesus responde-lhe com outra pergunta:
“Que está escrito na Lei?”
E o homem responde corretamente: amar a Deus e ao próximo. Mas, querendo justificar-se, volta a perguntar:
“E quem é o meu próximo?”

É aqui que Jesus conta a parábola: um homem é assaltado e deixado meio morto à beira da estrada. Passam por ele um sacerdote e depois um levita, mas ambos seguem adiante. Só o samaritano, um estrangeiro e considerado “impuro” pelos judeus, se compadece e cuida do homem ferido.

Jesus termina com uma inversão desconcertante:
Não responde directamente “quem é o próximo”, mas pergunta:
“Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”
E a resposta é clara: “Aquele que usou de misericórdia.”

Três lições para a nossa vida:

O amor não tem fronteiras
– O samaritano não perguntou quem era aquele homem. Não quis saber se era judeu, estrangeiro, rico ou pobre. O sofrimento bastava para que o reconhecesse como seu próximo.

A compaixão verdadeira exige acção
– O samaritano não se limitou a sentir pena. Aproximou-se, cuidou das feridas, levou o homem à estalagem e pagou as despesas. O amor cristão é concreto, prático, visível.

Ser próximo é uma escolha
– Jesus muda o foco da pergunta: não é “quem é o meu próximo?”, mas “de quem eu me torno próximo?” Ser próximo é uma atitude activa, que rompe barreiras culturais, sociais e até religiosas.

Irmãos, nesta parábola Jesus ensina-nos que a verdadeira religião está na misericórdia. Ser cristão não é apenas conhecer os mandamentos, mas vivê-los com o coração, com as mãos e com o tempo.

Que nesta semana, cada um de nós possa “ir e fazer o mesmo”, como nos diz Jesus. Que saibamos reconhecer o sofrimento à nossa volta e agir com compaixão, como o bom samaritano.

Ámen.

José Arun

Solenidade de Nossa Senhora do Carmo 2025

Novenas de preparação para a festa de Nª Sª do Carmo de 7 a 15 de Julho.

18h.00: Novena Cantada

18h.30: Eucaristia ( com reflexão Mariana)

Dia 15 de Julho Promessas O.C.D.S.
Admissão e profissão do Carmelo Secular às 18h.30.
Nos dias da novena no fim da missa , das 9h30 às 11h  Adoração ao Santíssimo.

Dia das Crianças: 12 de Julho 10h15

Bênção, consagração e imposição do Escapulário às crianças e fiéis.

Dia 16 de Julho Solenidade de Nossa Senhora do Carmo.
17h30 Terço Cantado
18h30: Eucaristia presidida pelo Cong. Marcos F. Gonçalves.
Procissão

Enviou-os dois a dois

P. José Arun

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Neste  Evangelho segundo São Lucas, capítulo 10, versículos 1 a 12, somos convidados a contemplar um momento essencial da missão de Jesus: o envio dos setenta e dois discípulos. Não se trata apenas de um episódio histórico, mas de um apelo atual e permanente da Igreja, dirigido a cada um de nós.

“O Senhor designou outros setenta e dois e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.” (Lc 10,1)

Logo aqui percebemos que a missão não é iniciativa dos discípulos, mas de Jesus. Ele é quem chama, quem envia e quem conduz. A missão é sempre de Deus — nós somos colaboradores. Ao enviá-los dois a dois, Jesus sublinha o valor da comunhão e do testemunho partilhado: não somos enviados sozinhos, mas como Igreja, como comunidade.

Jesus adverte os discípulos:

“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe.” (Lc 10,2)

Este versículo continua a ser verdadeiro hoje. A messe — ou seja, o mundo sedento de Deus, de sentido, de amor — é vasta. Mas muitas vezes faltam anunciadores corajosos, fiéis, disponíveis. Por isso, antes de ir, Jesus manda rezar. A missão nasce da oração, não do ativismo. É na oração que discernimos a vontade de Deus e ganhamos força para cumprir o que Ele nos pede.

Jesus não esconde a dificuldade:

“Vou enviar-vos como cordeiros para o meio de lobos.” (Lc 10,3)

Evangelizar não será fácil. Haverá rejeição, resistência, talvez até perseguição. Mas é precisamente no meio das dificuldades que o discípulo brilha com a luz do Evangelho. Ser cordeiro entre lobos não é sinal de fraqueza, mas de confiança no Pastor que nos envia.

Depois vêm instruções muito concretas: não levar bolsa, nem alforge, nem sandálias, não se deter em saudações demoradas… tudo isto indica urgência, desprendimento, confiança na providência. O missionário deve ser leve, livre de amarras, pobre de bens, mas rico de fé e de amor.

A missão é anunciar a paz:

“Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa’.” (Lc 10,5)

A missão da Igreja não é impor, mas propor a paz de Deus, construir pontes, curar feridas. O Evangelho é boa notícia para todos, e começa por oferecer aquilo que o mundo mais deseja: paz verdadeira, que vem de Cristo.

Finalmente, Jesus avisa:

“Se não vos receberem, saí para as ruas… e dizei: ‘Até o pó da vossa cidade… sacudimos contra vós’.” (Lc 10,10-11)

Mesmo quando a mensagem não é acolhida, o discípulo não se revolta, não impõe. Apenas sacode o pó e segue caminho. Isto ensina-nos a liberdade interior do evangelizador: faz o que lhe compete com amor e verdade, mas sem se apegar aos resultados.

Queridos irmãos, esta leitura é um forte apelo a cada um de nós. Todos, pelo batismo, somos discípulos-missionários. Não precisamos ir longe: a missão começa na nossa casa, no trabalho, entre vizinhos e amigos. Onde quer que estejamos, somos chamados a levar paz, alegria, esperança e o testemunho vivo de Cristo.

Peçamos ao Senhor que nos envie, que nos fortaleça, e que faça de nós trabalhadores fiéis da sua messe. Que sejamos mensageiros da paz e da Boa Nova, com coragem, humildade e alegria.

Ámen.