DOMINGO DE PENTECOSTES
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».
Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo,
Neste Domingo celebramos com alegria a grande Solenidade de Pentecostes, o dia em que o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, reunidos no Cenáculo com Maria, a Mãe de Jesus. É uma das festas mais importantes do calendário cristão, pois assinala o nascimento da Igreja, animada e conduzida pelo Espírito do Senhor.
No Evangelho de hoje, escutamos Jesus Ressuscitado a aparecer aos discípulos e a dizer-lhes: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). Este gesto de soprar sobre eles remete-nos à criação, quando Deus soprou sobre o homem e ele se tornou um ser vivo. Agora, Jesus dá início a uma nova criação, através do dom do Espírito: uma humanidade renovada no amor, na fé e na missão.
Os discípulos estavam fechados em casa, cheios de medo. O medo paralisa-nos, torna-nos estagnados e fechados ao outro. Mas com a vinda do Espírito, as portas abrem-se e os corações inflamam-se de coragem. Pentecostes é o dia em que o medo dá lugar à confiança e à ousadia. O mesmo Espírito quer hoje libertar-nos dos nossos medos: o medo de assumir a fé, o medo de amar com radicalidade, o medo de perdoar, o medo do futuro.
Nos Actos dos Apóstolos, ouvimos que pessoas de diversas línguas e nações compreendiam os Apóstolos cada um na sua própria língua. Isto mostra-nos que o Espírito não elimina as diferenças, mas cria harmonia na diversidade. Onde o Espírito Santo está, há comunhão, há entendimento, há paz. Num mundo tão marcado por divisões e conflitos, somos chamados a ser instrumentos de reconciliação e unidade.
Jesus tinha prometido: “Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas” (Act 1,8). O Espírito Santo não é apenas uma força interior para consolo pessoal — é a força que nos impulsiona a anunciar o Evangelho com audácia. O mesmo Pedro que antes tinha negado Jesus, levanta-se agora com firmeza e anuncia Cristo ressuscitado. Assim também nós: quando abrimos espaço ao Espírito, Ele transforma as nossas fraquezas em coragem, e os nossos silêncios em testemunho.
Pentecostes não é apenas uma memória do passado. É uma realidade viva, que continua a acontecer na Igreja e em cada um de nós. Em cada Baptismo, em cada Crisma, em cada oração sincera, o Espírito continua a ser derramado. O mundo precisa de cristãos cheios do Espírito: com fé viva, com esperança ativa, com caridade concreta.
Caríssimos irmãos, neste dia de Pentecostes, não peçamos apenas dons ou sinais. Peçamos, com humildade e confiança, o próprio Espírito Santo. Que Ele venha renovar os nossos corações, as nossas famílias, a nossa paróquia e toda a Igreja. Que reacenda em nós o fogo do primeiro amor, e nos faça verdadeiras testemunhas de Cristo no mundo.
Vinde, Espírito Santo! Enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor! Amém.
Pe. José Arun