Domingo xv (Ano C)

Quem é o meu próximo?”

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

No Evangelho de hoje, São Lucas apresenta-nos uma das parábolas mais tocantes e desafiadoras do ministério de Jesus: a parábola do Bom Samaritano. Tudo começa com uma pergunta de um doutor da Lei, que tenta pôr Jesus à prova:
“Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”

Jesus responde-lhe com outra pergunta:
“Que está escrito na Lei?”
E o homem responde corretamente: amar a Deus e ao próximo. Mas, querendo justificar-se, volta a perguntar:
“E quem é o meu próximo?”

É aqui que Jesus conta a parábola: um homem é assaltado e deixado meio morto à beira da estrada. Passam por ele um sacerdote e depois um levita, mas ambos seguem adiante. Só o samaritano, um estrangeiro e considerado “impuro” pelos judeus, se compadece e cuida do homem ferido.

Jesus termina com uma inversão desconcertante:
Não responde directamente “quem é o próximo”, mas pergunta:
“Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”
E a resposta é clara: “Aquele que usou de misericórdia.”

Três lições para a nossa vida:

O amor não tem fronteiras
– O samaritano não perguntou quem era aquele homem. Não quis saber se era judeu, estrangeiro, rico ou pobre. O sofrimento bastava para que o reconhecesse como seu próximo.

A compaixão verdadeira exige acção
– O samaritano não se limitou a sentir pena. Aproximou-se, cuidou das feridas, levou o homem à estalagem e pagou as despesas. O amor cristão é concreto, prático, visível.

Ser próximo é uma escolha
– Jesus muda o foco da pergunta: não é “quem é o meu próximo?”, mas “de quem eu me torno próximo?” Ser próximo é uma atitude activa, que rompe barreiras culturais, sociais e até religiosas.

Irmãos, nesta parábola Jesus ensina-nos que a verdadeira religião está na misericórdia. Ser cristão não é apenas conhecer os mandamentos, mas vivê-los com o coração, com as mãos e com o tempo.

Que nesta semana, cada um de nós possa “ir e fazer o mesmo”, como nos diz Jesus. Que saibamos reconhecer o sofrimento à nossa volta e agir com compaixão, como o bom samaritano.

Ámen.

José Arun