Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo,

Hoje, a Igreja reúne-nos num espírito de oração, de memória e de esperança. Celebramos o Dia de Todos os Fiéis Defuntos — o “Dia de Finados”, como popularmente se diz —, um dia profundamente humano e, ao mesmo tempo, profundamente cristão. É o dia em que recordamos, diante de Deus, todos os que nos precederam na fé e partiram desta vida. Não o fazemos com tristeza sem esperança, mas com a confiança serena de quem acredita que a morte não é o fim, mas a passagem para a plenitude da vida em Deus.

A liturgia de hoje convida-nos a olhar para a morte à luz da fé pascal. Lemos no Livro da Sabedoria: “As almas dos justos estão nas mãos de Deus e nenhum tormento as atingirá”. Que promessa maravilhosa! O amor de Deus não se quebra com a morte. O que parece perda, aos olhos humanos, é, na verdade, cumprimento do desígnio divino. Aqueles que amaram, que viveram com fé, que procuraram o bem, estão nas mãos do Senhor.

Jesus afirma: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia”. Estas palavras dão sentido à nossa celebração de hoje. Cada Eucaristia é já uma antecipação do banquete eterno. Ao celebrarmos este mistério, unimo-nos não só a Cristo, mas também a todos os que dormem no Senhor. A comunhão dos santos é esta realidade misteriosa e bela: no Corpo de Cristo, vivos e defuntos permanecem unidos.

É natural que o nosso coração sinta saudade. A ausência dos que amamos é dolorosa. Mas a fé transforma essa saudade em oração e esperança. A oração pelos defuntos é expressão da nossa caridade: confiamos os nossos entes queridos à misericórdia divina, pedindo que o Senhor os purifique, os acolha e lhes conceda a luz eterna. E, ao mesmo tempo, deixamo-nos também purificar e renovar na fé, lembrando que a nossa vida se encaminha para a mesma meta.

Irmãos, o Dia de Todos os Fiéis Defuntos é também um convite à conversão. Recorda-nos que somos peregrinos nesta terra, a caminho da casa do Pai. Cada gesto de amor, cada perdão, cada partilha, é uma semente de eternidade. Como dizia Santo Agostinho: “Não chorem se me amam; fiquem unidos a mim por um laço invisível de amor.” Assim, unidos no amor de Cristo, a morte perde o seu poder. 

Rezemos, pois, pelos nossos irmãos defuntos — familiares, amigos, e todos os que ninguém recorda. Peçamos que o Senhor lhes abra as portas do Paraíso. E rezemos também por nós, para que vivamos com o coração voltado para o Céu, firmes na esperança da ressurreição.

Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso, e brilhe para eles a luz perpétua.
Amen.​​​​​​​Pe. José Arun