Domingo XXV do Tempo Comum

Caríssimos irmãos e irmãs,

O Evangelho que acabámos de escutar apresenta-nos uma parábola de Jesus que, à primeira vista, nos pode surpreender: o administrador infiel, que é acusado de dissipar os bens do seu senhor, procura uma saída astuta para garantir o seu futuro. E Jesus, em vez de o condenar explicitamente, elogia a sua “astúcia”. Como compreender esta mensagem?

Antes de mais, é importante perceber que Jesus não louva a desonestidade, mas sim a prudência e a capacidade de agir com decisão quando se trata do futuro. O administrador percebeu que a sua vida estava a mudar e, com inteligência, procurou garantir um amanhã. Jesus aproveita esta imagem para nos chamar a atenção: nós, filhos da luz, tantas vezes vivemos distraídos, sem pensar no nosso verdadeiro futuro – a vida eterna.

O Senhor convida-nos a usar os bens deste mundo não como senhores, mas como meios para alcançar o bem maior. “Fazei amigos com o dinheiro injusto”, diz Ele. Ou seja, utilizemos os recursos temporais para ajudar, para partilhar, para criar laços de solidariedade. Aquilo que aqui investimos no amor e na caridade não se perde: torna-se tesouro no Céu.

E Jesus termina com uma frase que ressoa no coração: “Nenhum servo pode servir a dois senhores… não podeis servir a Deus e ao dinheiro.” Esta é uma escolha fundamental: quem é o nosso Senhor? O dinheiro, o poder, o prestígio… ou Deus? Não se trata de desprezar o trabalho ou os bens, mas de os colocar no seu devido lugar. Tudo passa, só Deus permanece.

Caríssimos, este Evangelho desafia-nos a viver com coerência. Se para as coisas do mundo somos tantas vezes astutos e decididos, não deveremos ser ainda mais para as coisas de Deus? Não deveremos investir mais tempo, energia e criatividade em amar, perdoar, construir a justiça, preparar o coração para o encontro com o Senhor?

Peçamos hoje a graça de sermos administradores fiéis dos dons que Deus nos confiou: a vida, o tempo, os bens, os talentos. Que o Espírito Santo nos torne prudentes, generosos e livres, para que, no dia em que formos chamados a prestar contas, possamos ouvir estas palavras: “Muito bem, servo bom e fiel… entra na alegria do teu Senhor.”

Ámen.