Exaltação da Santa Cruz

XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Caríssimos irmãos e irmãs,

Hoje celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Não celebramos a cruz como instrumento de tortura ou de morte, mas como sinal de vida, de salvação e de amor extremo. A cruz de Cristo é o centro da nossa fé; nela está o mistério pascal que nos salva.

No Evangelho que escutámos, Jesus diz a Nicodemos:

«Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do Homem será elevado, para que todo o que n’Ele crê tenha a vida eterna.»

Jesus recorda o episódio do livro dos Números: o povo, no deserto, mordeu-se pelo pecado e pelas serpentes, e Deus ofereceu um sinal de cura — uma serpente de bronze erguida num poste. Quem a olhasse com fé ficava curado. Esta imagem é uma profecia da Cruz. O Filho do Homem foi elevado, não num poste de bronze, mas na Cruz, para que todo o que n’Ele crê seja salvo.

E porquê? O próprio evangelho responde:

«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.»

Eis o coração da mensagem cristã: a Cruz não é derrota, é vitória do amor. Nela Deus mostra até onde vai a sua misericórdia. A Cruz é a medida do amor divino: um amor que não se fica pelas palavras, mas se entrega por inteiro.

Celebrar a Exaltação da Santa Cruz é, portanto, reconhecer que ali onde o mundo via fracasso, Deus revelou a glória; ali onde parecia haver apenas sofrimento, brotou a vida. A cruz tornou-se para nós sinal de esperança. Por isso, na liturgia, a veneramos e a beijamos. Não porque amemos o sofrimento, mas porque amamos Aquele que nela se entregou por nós.

Mas esta festa também nos interpela. Jesus disse: «Quem quiser seguir-Me, tome a sua cruz cada dia.» A cruz de cada um não é apenas um peso a suportar; é também um lugar onde o amor se pode manifestar. Quando aceitamos as nossas dificuldades com fé, quando perdoamos, quando servimos, estamos a transformar as nossas cruzes em sinais de redenção.

Neste dia, olhemos para a Cruz de Cristo e peçamos:
– que ela nos recorde sempre o amor de Deus,
– que nos ensine a amar sem medida,
– que nos dê coragem para carregar as nossas cruzes com fé e esperança.

Que a Cruz, sinal de vitória e de vida, nos guie para a Páscoa eterna.