«Começou a enviá-los»

Domingo XV Tempo Comum

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos


Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos.

Com os santos do Carmelo

Refere Santa Teresa:

«Nestas fundações não conto os sofrimentos das jornadas: o frio, o sol, a neve, que em certas ocasiões não cessava o dia inteiro. Ora nos perdíamos nos caminhos, ora sobrevinham muitos achaques e febres, porque, Deus seja louvado, habitualmente tenho pouca saúde. Contudo, via claramente que Nosso Senhor me dava forças; porque acontecia, por vezes, ao tratar-se de fundação, achar-me com tantos males e dores que me afligia muito, por me parecer, mesmo na cela, não podia estar senão deitada. Então voltava-me para Nosso Senhor queixando-me a Sua Divina Majestade e perguntava-Lhe como queria que fizesse o que não podia, ainda que com trabalho. Sua Majestade dava-me forças e com o fervor que me incutia, e o cuidado que eu trazia, dir-se-ia que me esquecia de mim mesma.» (Fundações 18, 4)

Meditação

Neste evangelho, vemos o início de uma missão dos apóstolos e esta missão é uma missão que é um puro dom do senhor. E para mais, Ele escolhe quem quer e como quer, só Ele conhece os nossos corações, só Ele sabe quem está disposto a entregar-se totalmente a esta missão. Só Jesus sabe quem tem a capacidade de acolher a sua Mensagem e vivê-la ou, pelo menos, de não desistir de caminhar com a proposta que é dada.

O senhor envia-nos com um objetivo: anunciar a mensagem da salvação que vem dele. O apóstolo não é aquele que se anuncia a si mesmo, mas anuncia alguém e esse alguém é Jesus Cristo. Outra coisa é também a força que os apóstolos devem ter ou pelo menos a quem se devem apoiar, por que nada podem fazer sozinhos a sua força é Cristo, não podem estar apoiados a seguranças humanas, mas somente no dom do senhor. Outra coisa interessante é que partem os discípulos dois a dois e não um a um. Porque, estando só, o homem é levado a duvidar até si próprio. Ninguém se salva sozinho. O próprio Deus é um Deus de comunidade e ensina-nos a viver não para nós mesmos, mas em comunidade, entregando-nos totalmente por amor ao nosso irmão. Ninguém chega à meta sozinho, mas sempre dois a dois. O amor pelo irmão faz-nos caminhar sempre para a meta.

Quando Jesus diz para pregarem o arrependimento está a dizer para que todos voltem à luz. Porque a luz já está aqui, está próximo e também ao mesmo tempo diz para que as suas mãos sejam impostas aos doentes isso significa que Deus está perto, Deus está aqui e cura a vida. Os apóstolos se não viverem para si mesmos, tem um poder que vem de Deus. Por isso é que o senhor diz aos apóstolos que não precisam de levar seja o que for, alforje, pão, dinheiro, os bens, tudo o que seja um estorvo para o anúncio da salvação é deixá-lo de lado. Tudo o que não serve pesa, já dizia Madre Teresa de calcutá. É um convite a confiar na sua providência e abrir os corações à graça de Deus. Somos instrumentos nas Suas mãos e só precisamos de estar em sintonia com Ele, caminhando lado a lado como irmãos.