«Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?»

DOMINGO IV DO ADVENTO

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».

Refere Santa Teresa:

«Quem não tem ser Vós juntais
com o Ser que não se acaba;
sem acabar acabais,
sem ter que amar amais,
e engrandeceis o nosso nada» (Poema 6)

Meditação

Na passagem do Evangelho de hoje, somos atraídos para o belo encontro entre Maria e Isabel. Este encontro é um momento profundo de alegria, reconhecimento e bênção mútua, e oferece-nos uma rica reflexão sobre o que significa viver o Advento como um tempo de bênção para os outros.
A viagem de Maria a Isabel não é meramente física; é um ato de amor e de serviço. Apesar dos seus próprios desafios – ser jovem, recém-noiva e agora grávida em circunstâncias extraordinárias – Maria põe de lado as suas próprias preocupações para estar presente para Isabel. Esta é uma poderosa lembrança de que o Advento não é apenas um tempo de espera, mas também um tempo de movimento para fora, de ir para além de nós próprios e chegar aos necessitados.
Quando Maria cumprimenta Isabel, acontece algo de extraordinário: João Batista, ainda no ventre de Isabel, salta de alegria. Isabel, cheia do Espírito Santo, reconhece Maria como “a mãe do meu Senhor”. Este momento revela o poder transformador da presença de Cristo, mesmo na sua forma oculta.
No Advento, preparamo-nos para celebrar a vinda de Cristo ao mundo, mas também nos lembramos de que Ele já está entre nós – na Eucaristia, na Palavra e nas pessoas que encontramos diariamente. Para sermos uma bênção para os outros, devemos primeiro reconhecer Cristo neles.
A visita de Maria torna-se uma fonte de bênção espiritual e física.
Da mesma forma, quando nos permitimos ser uma bênção para os outros, partilhamos a alegria do Advento. Quer seja através de um simples ato de bondade, de um ouvido atento ou de uma oração sincera, as nossas acções podem trazer luz e esperança aos que nos rodeiam. Esta alegria, enraizada no amor, é uma antecipação da alegria suprema que celebramos no Natal: a vinda do nosso Salvador.
Ao continuarmos a nossa viagem de Advento, sigamos o exemplo de Maria, saindo para sermos uma bênção para os outros. Ao fazê-lo, não só preparamos os nossos corações para a vinda de Cristo, mas também permitimos que a Sua presença em nós transforme o mundo à nossa volta. Que possamos, como Maria e Isabel, encher-nos de alegria e do
Espírito Santo, levando a luz de Cristo a todos os que encontrarmos. Amém.

Pe. José Arun