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«Satanás está perdido»

DOMINGO X DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos


Naquele tempo, Jesus chegou a casa com os seus discípulos. E de novo acorreu tanta gente, que eles nem sequer podiam comer. Ao saberem disto, os parentes de Jesus puseram-se a caminho para O deter, pois diziam: «Está fora de Si». Os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: «Está possesso de Belzebu», e ainda: «É pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios». Mas Jesus chamou-os e começou a falar-lhes em parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode aguentar-se. E se uma casa estiver dividida contra si mesma, essa casa não pode durar. Portanto, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não pode subsistir: está perdido. Ninguém pode entrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens, sem primeiro o amarrar: só então poderá saquear a casa. Em verdade vos digo: Tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e blasfémias que tiverem proferido; mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: será réu de pecado para sempre». Referia-Se aos que diziam: «Está possesso dum espírito impuro». Entretanto, chegaram sua Mãe e seus irmãos, que, ficando fora, O mandaram chamar. A multidão estava sentada em volta d’Ele, quando Lhe disseram: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura». Mas Jesus respondeu-lhes: «Quem é minha Mãe e meus irmãos?». E, olhando para aqueles que estavam à sua volta, disse: «Eis minha Mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe».

Meditação

No Evangelho de hoje, de S. Marcos 3,20-35, encontramos Jesus num período de intenso ministério. As multidões pressionam-no, a sua família tenta intervir e os escribas acusam-no de estar possuído por Belzebu. Esta passagem apresenta uma mensagem poderosa sobre a natureza da missão de Jesus, a oposição que Ele enfrenta e o verdadeiro significado de pertencer à família de Deus. A família de Jesus, ao saber da situação, vem levá-l’O, dizendo: “Ele está fora de si”. Esta reação reflete uma experiência humana comum: por vezes, as pessoas mais próximas de nós não compreendem a nossa vocação ou as nossas ações quando seguimos a vontade de Deus. Jesus enfrenta a incompreensão não só das multidões, mas também da sua própria família. Isto pode ser uma fonte de grande sofrimento pessoal, mas Jesus permanece firme. Jesus fala do pecado imperdoável – a blasfémia contra o Espírito Santo. Este pecado é muitas vezes entendido como a rejeição persistente e voluntária da graça de Deus e a atribuição das boas obras de Deus ao mal. É uma advertência contra a dureza de coração que se recusa a aceitar a graça de Deus. É um aviso contra a dureza de coração que se recusa a reconhecer a obra evidente do Espírito. Para nós, é um apelo a permanecermos abertos e receptivos à ação de Deus nas nossas vidas e no mundo. Nesta passagem, Jesus redefine o conceito de família. Quando lhe dizem que a sua mãe e os seus irmãos estão lá fora à sua procura, ele olha para os que estão sentados em círculo à sua volta e diz: “Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos! Quem fizer a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Esta declaração é revolucionária. Jesus não está a descartar a Sua família biológica, mas sim a expandir a noção de família para incluir todos os que fazem a vontade de Deus. Isto significa que os nossos laços em Cristo transcendem as relações naturais. A Igreja, a comunidade dos crentes, é uma família unida pelo nosso compromisso comum de seguir a vontade de Deus. Esta passagem desafia-nos a refletir sobre vários aspectos importantes da nossa caminhada de fé: Será que estamos a dar prioridade à nossa missão espiritual e às necessidades dos outros, como fez Jesus? Como é que vivemos a nossa pertença à família de Deus? Peçamos a graça de permanecermos fiéis à nossa vocação, mesmo perante a incompreensão e a oposição. Esforcemo-nos por reconhecer e cooperar com o Espírito Santo em todas as coisas e abraçar a nossa verdadeira família – a comunidade de crentes unidos para fazer a vontade de Deus. Desta forma, podemos ser instrumentos do Reino de Deus, trazendo cura, unidade e paz a um mundo necessitado. Amém.

Pe. José Arun, Ocd

«O Filho do homem é também Senhor do sábado»

DOMINGO IX DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos


Passava Jesus através das searas, num dia de sábado, e os discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas. Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido». Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros tiveram necessidade e sentiram fome? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e os deu também aos companheiros». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado». Jesus entrou de novo na sinagoga, onde estava um homem com uma das mãos atrofiada. Os fariseus observavam Jesus, para verem se Ele ia curá-lo ao sábado e poderem assim acusá-l’O. Jesus disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Levanta-te e vem aqui para o meio». Depois perguntou-lhes: «Será permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la?». Mas eles ficaram calados. Então, olhando-os com indignação e entristecido com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão». Ele estendeu-a e a mão ficou curada. Os fariseus, porém, logo que saíram dali, reuniram-se com os herodianos para deliberarem como haviam de acabar com Ele.

Com os santos do Carmelo

Refere São João da Cruz

«Ao comungar, só se preocupam em receber algum sentimento e gosto em vez de, com humildade, adorar e louvar a Deus no seu íntimo. E afeiçoam-se de tal maneira a isto, que, se não tiverem algum gosto ou sentimento sensível, julgam que não lhes valeu de nada. É uma forma muito baixa de julgar a Deus, pois não sabem que o menor proveito deste Santíssimo Sacramento é o que diz respeito aos sentidos, enquanto que o maior é o da graça invisível.» (Noite Escura 1, 6)

Meditação

Caros irmãos e irmãs em Cristo

A Bíblia descreve a adoração perfeita. Ela ocorre em torno do trono de Deus. É um lugar onde não há dor, nem tristeza; um lugar onde não é preciso sol nem lua porque Deus está lá para fornecer luz e calor; um lugar onde o caos e tudo o que perturba é substituído pela paz perfeita. É um lugar onde não há distinção entre pessoas, nações e línguas. Todos são iguais perante o Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro, o seu Salvador.

Mas ainda não estamos perto do Trono de Deus. Estamos aqui neste mundo onde a adoração para nós às vezes se torna problemática. Muitas vezes, acreditamos que a adoração é sobre coisas que acreditamos que precisamos fazer para agradar a Deus. Por vezes, pensamos que a adoração tem a ver com o facto de estarmos à altura. Por vezes, pensamos que a adoração é vir à igreja ao domingo com a nossa melhor roupa. Às vezes pensamos que adoração é cantar as coisas certas usando as melodias certas para ganhar o favor de Deus. E no seu devido contexto, cada uma destas coisas pode certamente fazer parte do que é a adoração que honra a Deus. Mas a adoração é muito mais do que isso.

Hoje vamos começar a tratar da questão do culto. Tratamos de questões importantes como: O que é a adoração? Qual é o aspeto da verdadeira adoração? Como podemos adorar Deus de uma forma verdadeira e autêntica? Comecemos por ver o que podemos aprender com a lição do Evangelho de hoje.

Era um dia de sábado – o equivalente à nossa manhã de domingo – o dia de descanso. Os discípulos de Jesus estavam envolvidos numa atividade que não era permitida pelas regras e regulamentos religiosos da época. Apanhavam cereais porque tinham fome. Ora, havia pessoas que eram vistas como os executores das leis religiosas. Entre eles estavam os fariseus, os escribas e os que governavam o templo. Eles criticaram Jesus por causa do que os discípulos estavam a fazer.

É que, para estes líderes religiosos, o culto tinha-se tornado numa série de coisas a fazer e a não fazer. O sábado era um dia em que certas actividades eram permitidas e outras não. Agradar a Deus tinha sido reduzido a uma fórmula. Deus ficará feliz se você não andar mais do que 30 passos, mas ficará descontente se você andar 31. Deus honrará a sua adoração se der o seu dízimo, mas ficará zangado se tudo o que trouxer for o óbolo da viúva. Honrar a Deus tinha sido reduzido a regras e regulamentos.

Mas este tipo de adoração tinha sido rejeitado por Deus ao longo dos séculos. Muitos anos antes, o profeta Isaías tinha dito ao povo: “O Senhor diz: ”Este povo aproxima-se de mim com a sua boca e honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. O seu culto a mim é feito apenas de regras ensinadas por homens”. (Isaías 29.13) Como vê, é uma tolice imaginar que podemos criar as regras e os requisitos para uma adoração que honra Deus.

Quando a adoração se torna uma questão de regras e leis que têm de ser obedecidas, é fácil desviar os olhos de Deus – Aquele a quem estamos a prestar culto. O foco muda para o que estamos a fazer e como o estamos a fazer e se os que nos rodeiam o estão a fazer bem. Quando isto acontece, perdemos o barco e o objetivo da adoração.

Bem, qual é o contraste com este tipo de adoração? Penso que começa por compreender quem é Deus e quem somos nós em comparação com Ele. Sabemos que o nosso Deus é omnipotente e omnisciente. Ele é o Criador e através da Sua Palavra tudo veio a existir. Ele não precisa de nada de nós e, no entanto, a criação depende inteiramente d’Ele. Ao considerar estas qualidades eternas de Deus, não se torna claro que a adoração não tem a ver com o que fazemos para Deus? A adoração tem a ver com o que Deus faz por nós. Por isso, sejamos mais fiéis à nossa adoração e peçamos a Deus que nos dê força para vivermos a nossa vida de fé como Deus deseja.

Louvado seja nosso senhor jesus cristo.

P. Tomás Muzhuthett

«Isto é o meu Corpo. Este é o meu Sangue»

Santissimo Corpo e Sangue de Cristo – Solenidade

Evangelho segundo São Marcos 14,12-16.22-26.

No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?». Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes: «Ide à cidade. Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água. Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: “O Mestre pergunta: onde está a sala em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?”. Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta. Preparai-nos lá o que é preciso». Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito e prepararam a Páscoa. Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse: «Tomai: isto é o meu corpo». Depois, tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. Disse Jesus: «Este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo, não voltarei a beber do fruto da videira até ao dia em que beberei do vinho novo no Reino de Deus». Cantaram os salmos e saíram para o monte das Oliveiras.

Com os santos do Carmelo

Refere Santa Teresa

«Mas também sei que essa pessoa, durante muitos anos, embora não fosse muito perfeita, procurava fortificar a sua fé ao comungar, porque o Senhor entrava na sua morada tal e qual como se O visse com os olhos corporais; e, como acreditava verdadeiramente que este Senhor entrava na sua pobre pousada, esvaziava-se, tanto quanto podia, de todas as coisas exteriores e ficava-se com Ele.» (Caminho de perfeição 34, 7)

Meditação

Caros irmãos e irmãs em Cristo

Celebramos hoje a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, popularmente conhecida como Corpus Christi. Foi introduzida no final do século XIII para encorajar os fiéis a prestar uma adoração especial à Sagrada Eucaristia.

Ao celebrarmos hoje o Corpus Christi, tanto a primeira como a segunda leitura falam de aliança, sacrifício e sangue. De acordo com a primeira leitura, a antiga aliança foi selada com o sangue do sacrifício de animais que Moisés aspergiu sobre o povo. Pelo contrário, a segunda leitura recorda-nos que a nova aliança foi selada com o sangue de Cristo. É isto que faz a diferença funcional.

Por isso, o sacrifício do corpo e do sangue de Cristo é o fator de mudança. Enquanto a primeira aliança nunca garantiu a vida eterna, a nova garante-a porque foi selada com um sangue caro, através de um sacrifício perfeito oferecido de uma vez por todas.

No Evangelho, Cristo instituiu a Sagrada Eucaristia. Aqui ele é simultaneamente o sacerdote e a vítima. Esta é outra diferença entre a nova e a antiga aliança. Como sacerdote, Cristo ofereceu-se a si próprio a Deus pela nossa salvação. Por isso, é importante notar que, sempre que celebramos a Sagrada Eucaristia, Cristo está plenamente presente como sacerdote e como vítima.

Ele realiza o seu sacerdócio através das acções do sacerdote humano, que é alter Christus (outro Cristo) e que age “in persona Christi (na pessoa de Cristo)”. Por outro lado, ele realiza o seu papel de vítima sob a forma de pão e de vinho. Tudo isso junto é o que chamamos de “ação de graça”.

 A Igreja ensina-nos que: “A Eucaristia é a fonte e o cume da vida cristã… Pois na bem-aventurada Eucaristia está contido todo o bem espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo… A Eucaristia é também o ponto culminante tanto da ação de Deus, santificando o mundo em Cristo, como do culto que os homens prestam a Cristo… Em suma, a Eucaristia é a soma e o resumo da nossa fé…” (CIC1324-5

Assim, quando participamos na celebração da Eucaristia, participamos na vida de Cristo, a cabeça, e na vida da Igreja, o seu corpo. Isto significa que devemos prestar mais atenção à Sagrada Eucaristia, passando mais tempo na sua presença divina. Se nos apresentarmos diariamente diante dele, ele encher-nos-á de sabedoria e mostrar-nos-á a melhor maneira de abordar a vida.

Hoje, como sempre, Cristo oferece-se a nós de forma sacramental. Esta é simplesmente uma forma de expressar o seu amor incondicional por nós. Ele ordena-nos: “Fazei isto em memória de mim!” Por isso, a Igreja ensina-nos: “A ordem de Jesus de repetir os seus actos e as suas palavras até que ele venha não pede apenas que nos lembremos de Jesus e do que ele fez. É dirigido à celebração litúrgica, pelos apóstolos e seus sucessores, do memorial de Cristo.

Assim, ao revivermos a experiência, comemos verdadeiramente o seu Corpo e bebemos o seu Sangue. Além disso, a outro nível, “Fazei isto em memória de mim” coloca-nos na disposição de nos oferecermos a nós mesmos, em última instância, e para a salvação dos outros, como Cristo fez para a nossa salvação. Assim, quando revivemos esta experiência, alimentamo-nos espiritualmente para nos oferecermos também aos outros e pelos outros.

Assim, quando os aproximamos de Cristo, levamo-los à mesa do banquete de Cristo, que os alimenta e nutre com o Seu corpo e sangue. Por isso, temos de ser suficientemente hospitaleiros para ajudar os fracos, os espiritualmente famintos e os sedentos a participar no grande banquete do Corpo e do Sangue de Cristo.

Por isso, a celebração de hoje é uma celebração da vida, da salvação e da graça. Ensina-nos que, como verdadeiro alimento, a Eucaristia é o verdadeiro corpo e sangue de Cristo que alimenta a nossa alma. É uma forma concreta através da qual Cristo está divinamente presente connosco todos os dias e todos os momentos.

Isto significa que devemos adorar e oferecer a Cristo a reverência que lhe é devida. Qualquer momento passado na presença do Santíssimo Sacramento é um momento de ouro e um momento de graça. Adoremos a Cristo dizendo: “Oh, Sacramento Santíssimo; Oh, Sacramento Divino, todos os louvores e todas as acções de graças sejam vossos em todos os momentos e tempos.”

Louvado seja nosso senhor jesus cristo.

P. Tomás Muzhuthett

A Virgem Maria em oração

Maio florido, mês mariano: bem decorrido, o melhor do ano. Traz a esperança de um Verão vibrante, entre um passo de dança e a praia escaldante. O seu génio primaveril põe termo às trevas geladas do inverno e anuncia as mil e uma noites cálidas de verão, sonhos fantasiosos e contos alongados. O melhor de Maio são as flores à mãe de Jesus e a esperança que elas simbolizam. Flores e orações a Maria! Mas hoje pensamos na oração de Maria.

Segundo Lucas (1,26-38), a Palavra de Deus simbolizada no seu mensageiro dirige-se a Maria que está à escuta, elevada forma de oração. A saudação reza: “alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor está contigo”. Esta nota de alegria manifesta o seu sentido genuíno quando percebemos que se retoma à letra o vocabulário bíblico da alegria transbordante na perspectiva da espera do Messias por parte da “filha de Sião”, símbolo do povo bíblico. Os profetas Sofonias e Zacarias tinham convidado a filha de Sião à alegria, associando o imperativo «alegra-te» à espera da libertação do povo: “Rejubila, filha de Sião…; alegra-te [khaire] e exulta de todo o coração, filha de Jerusalém…; o Senhor, rei de Israel, está contigo…; não temas, Sião…: o Senhor, teu Deus, está contigo, poderoso salvador” (So 3,14; ver Za 9,9). Portanto, podemos entender assim a saudação angélica: ‘alegra-te, ó cheia de graça, ó agraciada, ó engraçada, graciosa, porque se cumpriu o que tinha sido intuído e dito pelos profetas’. “O Senhor está contigo”, fórmula puxada dos relatos de vocação no Antigo Testamento, significa: o Senhor convoca-te para o servires, para realizares o que Ele quer fazer de ti e contigo.

Maria de Nazaré aparece nesta cena evangélica como modelo de discernimento cristão, a descobrir a vontade de Deus para si, em oração e meditação. Se há pessoas que vão ter com os acontecimentos, Maria, confrontada com a Palavra de Deus, deixou-se surpreender pelo acontecimento (dabar em hebraico) que veio ter com ela, pelo Deus que é sempre mistério e Palavra. A sua fé orante, que era conhecimento por meio do amor, “interrogava-se”, a partir da vida que queria ser iluminada, “que significaria aquela saudação”, pedindo luz para o caminho novo a fazer entre palavras cruzadas. Maria fez perguntas à Palavra de Deus sobre a sua vocação, querendo compreender a possibilidade de realização da Palavra proposta pelo anjo. Ele responde-lhe: “não é impossível da parte de Deus”.

Captada a vontade de Deus na oração com as Escrituras, Maria deu o seu sim determinado e aberto à grande proposta. Se a graça e a beleza associadas pelo anjo a Maria deixavam a impressão de delicadeza ténue – como a pureza da flor apenas desabrochada, não tocada, bem precioso que se pode perder –, ela tranquilizou todo o mundo interessado, ao responder segura: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Supremo acto de liberdade da servidora da Palavra! Não renunciava a nada: oferecia tudo. Não excluía nada: incluía tudo o que de bom tinha para dar. Ao deparar com o plano salvador (= “a tua Palavra”), Maria enfrentava uma realidade que era imensamente maior do que ela. Mas aceitou-a com o sim livre, que resumia toda a sua existência perante Deus e era, como diria Dante, o “termo fixado de um plano eterno” (Divina ComédiaParaíso, canto XXXIII, 3). Resposta ao dom que a “enchia de graça”, resposta esperada pela graça e eco fiel ao plano de Deus para a humanidade, também era um incomensurável contributo para a máxima elevação da natureza humana e dignificação da personalidade crente. Assim pôs Dante S. Bernardo a rezar a Maria com “esta santa oração”: “Virgem mãe, filha do teu filho, / humilde e alta mais que criatura… / Tu és aquela que humana natura / nobilitaste… Em ti se concentra quanto há de bondade nas criaturas” (Divina ComédiaParaíso, XXXIII, 1-2.4.21). A feliz conjunção da Palavra de Deus com a palavra orante dela deu um rumo novo à sua vida. Esse acto da fé mais pura confere-lhe um lugar único no projecto divino da salvação dos humanos, bem percebido pela tão profunda e universal devoção dos fiéis.

A nota de humildade que se costuma entrever na disposição de Maria ao rezar com a expressão “eis a serva do Senhor” é insuficiente para compreender o seu conteúdo. Na Bíblia, “servo do Senhor” é título de glória e não propriamente de humildade. Caracteriza as grandes personagens que se sentiram chamadas por Deus para um papel decisivo nas etapas da história da salvação. “Servo do Senhor” chama-se a Abraão, a Moisés, a Josué, a David, aos profetas e àquela figura, desenhada por Isaías, em quem se verá reflectido e anunciado o Messias. Então, ao apresentar-se como “serva do Senhor”, Maria toma consciência de que na rapariga simples que ela era Deus queria realizar a grandiosa intervenção definitiva da história da salvação, como reza ela: “o Senhor… pôs o olhar na pequenez da sua serva…, o Todo-poderoso fez em mim grandes coisas”. Assim Maria afirmava a consciência da sua vocação, aceitava o dom do amor de Deus e a missão de ser a mãe do que “será chamado filho de Deus”. No seu “eis-me aqui” a Deus, brilha a sua fé sem hesitações; brilha a graça salvadora que a enriquece; brilha ela na atitude da oração que acolhe Deus na vida.

Armindo Vaz, OCD

Formação sobre o escapulário

O mês de maio é um mês profundamente mariano que toda a Igreja celebra com alegria, honrando em todos os lugares de culto a Virgem Maria. Para os Carmelitas, o mês de julho também é um mês mariano, marcado pela celebração da solenidade de Nossa Senhora do Carmo, a 16 de julho, antecido da novena de preparação.

A propósito desta festa mariana, a Escola de Maria (www.escoladeoracao.pt) programou uma formação sobre o Escapulário do Carmo. A par da oração do terço, o Escapulário é um dos símbolos mais difundidos de amor à Virgem Maria. Este sinal tão simples tem sido, por vezes, objeto de más interpretações. Descontextuado do seu valor espiritual perde todo o seu poder e significação. Por isso, para bem enquadrarmos o sentido do Escapulário de Maria, vamos realizar 3 formações online para todos quantos já receberam o Escapulário ou o querem receber pela primeira vez.

Sob o título, «O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, um sinal de amor a Maria», vamos realizar estas formações para melhor viver a festa de Nossa Senhora do Carmo.

Serão nas seguintes datas:

1. Dia 17 de Junho de 2024 – 21h30

2. Dia 24 de Junho de 2024 – 21h30

3. Dia 01 de Julho de 2024 – 21h30

Serão transmitidas através das redes sociais da Ordem dos Carmelitas Descalços:

  1. www.multimedia@carmelitas.pt
  2. Youtube: @CarmelitasDescalços
  3. Facebook: Ordem dos Carmelitas Descalços em Portugal

Após estas formações, se ainda não recebeu o Escapulário pode recebê-lo numa das comunidades carmelitas ou noutro lugar. Se já o recebeu, pode renovar a sua consagração à Virgem Maria.

«Batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»

DOMINGO VIII DO TEMPO COMUM – SANTÍSSIMA TRINDADE

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 28, 16-20)


Naquele tempo, os Onze discípulos partiram para a Galileia, em direção ao monte que Jesus lhes indicara. Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».

Com os santos do Carmelo

Refere Santa Teresa…

«Cada dia esta alma fica cada vez mais perplexa, porque, além de sentir que estas três Pessoas nunca se separam dela, vê claramente que, como foi dito , tem-nas dentro de si, no mais íntimo; numa profundidade imensa, que não sabe explicar por não ter palavras, sente dentro de si esta divina companhia.» (7 moradas 1, 7).

«Por mais dissipado que ande o pensamento, entre tal Filho e tal Pai forçosamente há de estar o Espírito Santo que enamore a vossa vontade e vo-la cative com forte amor, se para isto não bastar um tão grande interesse.» (Caminho de Perfeição 27, 7).

Meditação

Hoje, reunimo-nos para celebrar a solenidade da Santíssima Trindade, o mistério central da nossa fé cristã. Esta doutrina profunda revela-nos a própria essência de Deus, uma comunhão de três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, numa só natureza divina. A compreensão da Trindade está para além da compreensão humana, mas é fundamental para a nossa crença e para a nossa relação com Deus. Aprofundemos o significado deste mistério e o que ele significa para a nossa vida de cristãos. A Santíssima Trindade é um mistério, não no sentido de ser um puzzle a resolver, mas uma realidade que ultrapassa a nossa compreensão finita. Santo Agostinho, um dos maiores teólogos da Igreja, disse uma vez: “Se o podes compreender, não é Deus”. Isto não significa que não possamos saber nada sobre a Trindade; pelo contrário, o nosso conhecimento é sempre limitado e convida-nos a uma fé mais profunda. As Escrituras revelam a Trindade de várias formas. No Antigo Testamento, vemos indícios da natureza trinitária de Deus, como no relato da criação, onde Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Génesis 1,26). O Novo Testamento torna a Trindade mais explícita, particularmente no batismo de Jesus, em que o Pai fala do céu, o Filho é batizado e o Espírito desce como uma pomba (Mateus 3,16-17). Deus, o Pai, é a fonte de tudo o que existe. Ele é o criador, o sustentador e o provedor. Na Oração do Senhor, chamamos a Deus “Pai Nosso”, reconhecendo o Seu cuidado e amor paternal por nós. Jesus ensinou-nos a aproximarmo-nos de Deus com a confiança de crianças que se aproximam de um pai amoroso Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a imagem visível do Deus invisível. Através da encarnação, Deus tornou-se homem, habitando entre nós e revelando a profundidade do Seu amor através da Sua vida, morte e ressurreição. Jesus mostra-nos quem é Deus e quem somos chamados a ser. O Espírito Santo é o amor entre o Pai e o Filho, derramado sobre a Igreja. O Espírito guia-nos, fortalece-nos e santifica-nos, habitando em nós e fazendo de nós templos do Deus vivo. Tal como o Pai, o Filho e o Espírito Santo existem numa perfeita comunhão de amor, somos convidados a refletir este amor divino nas nossas interacções com os outros. Nas nossas famílias, comunidades e no mundo em geral, devemos ser instrumentos do amor, da unidade e da paz de Deus. A compreensão da Trindade também nos chama à humildade. Temos de reconhecer as nossas limitações e a grandeza de Deus. Ao celebrarmos a Santíssima Trindade, maravilhamo-nos com o mistério do nosso Deus – Pai, Filho e Espírito Santo. Aprofundemos a nossa relação com cada Pessoa da Trindade e deixemos que esta comunhão divina transforme as nossas vidas. Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos nós, agora e para sempre. Amém.

Pe. José Arun

Imagem feita por Tomás Freitas

«Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós: Recebei o Espírito Santo»

Domingo de Pentecostes

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

Com os santos do Carmelo

Refere São João da Cruz

«Esta chama de amor é o espírito do seu Esposo, o Espírito Santo. A alma sente-O já dentro de si, não só como fogo que a consome e transforma em amor suave, mas também como fogo que nela arde e deita chamas, como se disse. E sempre que aquela chama arde, banha de glória a alma e refrigera-a com o gosto da vida divina.» (Chama de amor viva 1, 3).

Meditação

Hoje, celebramos o Pentecostes, um dia que marca a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e significa o nascimento da missão da Igreja. Este acontecimento, muitas vezes chamado o “aniversário da Igreja”, é crucial para compreender a nossa fé e o papel do Espírito Santo nas nossas vidas. O Pentecostes, que ocorre cinquenta dias depois da Páscoa, comemora o dia em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, enchendo-os com o poder de pregar o Evangelho a todas as nações. Tal como é descrito nos Atos dos Apóstolos, um som semelhante a um vento violento encheu a casa onde estavam sentados, e pousaram sobre cada um deles línguas de fogo, que lhes permitiram falar em diferentes línguas (Actos 2:1-4). Este milagre significa o carácter universal da Igreja. O Espírito Santo é a força protetora da missão da Igreja. De acordo com o Concílio Vaticano II, a Igreja é “missionária por sua própria natureza”. Cada cristão batizado é chamado a ser missionário, dando testemunho de  Cristo através das suas palavras e ações. O Papa Francisco sublinha que a Igreja deve ir para além dos seus muros, indo ao encontro dos que estão à margem da sociedade. O Espírito Santo não é apenas uma figura histórica, mas uma presença ativa nas nossas vidas de hoje. O Espírito guia-nos, inspira-nos e dá-nos poder para vivermos a nossa fé de forma autêntica. É através do Espírito que recebemos vários dons espirituais, que usamos para nos servirmos uns aos outros e edificar a Igreja. São Paulo recorda-nos que estes dons provêm do mesmo Espírito e que, embora sejamos  diferentes, o Espírito une-nos na nossa missão (1 Coríntios 12,4-6). O Pentecostes também nos ensina sobre a unidade que o Espírito Santo traz. Apesar das nossas diferenças de língua, cultura e antecedentes, o Espírito une-nos como um só corpo em Cristo. Ao reflectirmos sobre o Pentecostes, somos chamados a abrir os nossos corações ao Espírito Santo, permitindo que Ele nos transforme e guie as nossas ações. O Papa Francisco encoraja-nos a deixar de lado as nossas tentativas de controlar tudo e a abrirmo-nos às surpresas do Espírito. Neste Domingo de Pentecostes, renovemos o nosso compromisso de viver segundo o Espírito Santo. Que sejamos cheios do mesmo Espírito que deu poder aos apóstolos, permitindo-nos proclamar o Evangelho com ousadia e viver a nossa fé com coragem e compaixão. 

Pe. José Arun

«Foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus»

DOMINGO VII DA PÁSCOA

ASCENSÃO DO SENHOR – SOLENIDADE

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 16, 15-20)


Naquele tempo, Jesus apareceu aos Onze e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for batizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.

Com os santos do Carmelo

Refere São João da Cruz no seu poema do Cântico Espiritual

36. Gozemo-nos, Amado,

Vejamo-nos em tua formosura!

No monte e no escarpado

Donde nasce água pura,

Bem dentro penetremos da espessura!

37. E depois, às subidas

Cavernas do rochedo nos iremos,

Que estão bem escondidas;

E ali penetraremos

E o mosto das romãs saborearemos.

38. Ali me mostrarias

Aquilo que a minha alma pretendia,

E logo me darias,

Tu, minha alegria,

Aquilo que me deste um outro dia:

Meditação

Hoje, ao comemorarmos a solenidade da Ascensão de Nosso Senhor, temos a oportunidade de refletir sobre a natureza da partida, não só no contexto do regresso de Cristo ao Pai, mas também nas nossas próprias vidas, ao despedirmo-nos dos nossos convidados. Tal como os discípulos reunidos à volta de Jesus no Monte das Oliveiras testemunharam a sua ascensão ao céu, também nós nos encontramos muitas vezes reunidos com os nossos entes queridos, apreciando os momentos que partilhamos juntos. Estas reuniões são preciosas, trazem-nos alegria, riso e um sentimento de pertença. Mas, inevitavelmente, chega uma altura em que temos de nos despedir e os nossos convidados partem, regressando às suas casas, às suas responsabilidades, às suas vidas. A partida dos convidados, tal como a Ascensão de Nosso Senhor, é um momento agridoce. Há um sentimento de tristeza quando nos despedimos, sabendo que sentiremos a falta da sua presença, do seu riso e da sua companhia. Mas há também um sentimento de esperança, porque a sua partida não é o fim, mas uma transição para algo novo.

Do mesmo modo, a Ascensão de Jesus foi um momento de tristeza e de esperança para os seus discípulos. Ficaram tristes por verem o seu amado mestre deixá-los, mas também ficaram cheios de esperança porque Jesus prometeu enviar-lhes o Espírito Santo, que seria o seu advogado e guia. E assim, regressaram a Jerusalém com alegria, aguardando ansiosamente o cumprimento da sua promessa.

Quando nos despedimos dos nossos convidados, lembremo-nos de que a sua partida não é o fim da nossa relação, mas sim a continuação da mesma sob uma forma diferente. Podemos já não ter a sua presença física connosco, mas levamos as suas memórias nos nossos corações e os laços de amizade e amor permanecem fortes. Do mesmo modo, ao contemplarmos a Ascensão de Nosso Senhor, recordemos que Jesus não está longe de nós, mas presente de uma forma diferente, através da presença do Espírito Santo. Tal como prometeu aos seus discípulos, ele está sempre connosco, guiando-nos, confortando-nos e dando-nos força para continuarmos a sua obra no mundo.

Por isso, ao despedirmo-nos dos nossos convidados, façamo-lo com gratidão pelo tempo que partilhámos juntos, com esperança no futuro e com a certeza de que, tal como os discípulos, nunca estamos sós. Porque Cristo subiu ao céu, mas está sempre connosco, até ao fim dos tempos. Amém.

Pe. José Arun, OCD

Imagem retirada: https://pt.churchpop.com/a-ascensao-do-senhor-sua-importancia-teologica-e-liturgica/

XII Congresso de Espiritualidade: Afetividade e Espiritualidade

Apresentamos com muita alegria o programa do XII Congresso de Espiritualidade a realizar de 18 a 20 de outubro de 2024. A espiritualidade é a dimensão da nossa vida mais englobante, toca todas as dimensões do nosso ser: corpo, alma e espírito. O Prof. António Damásio reformulou o princípio cartesiano: do «penso, logo existo» ao «sinto, logo existo», a fim de ressaltar a dimensão afetiva e sentimental na vida de cada ser humano. Desde a perspetiva da espiritualidade, queremos responder a perguntas como estas neste XII Congresso de Espiritualidade: que lugar têm as emoções, os sentimentos, a afetividade na vida espiritual? Como geri-los e pô-los ao serviço do crescimento humano e espiritual? Que lugar têm os sentimentos nas nossas relações: na relação de uns com os outros e na relação com Deus? Como interagem oração e sentimentos? É possível que uma afetividade ferida ajude ao crescimento espiritual ou seja curada pela vida espiritual? Como amamos e exprimimos sentimentos, também quando rezamos, como mulheres e como homens?

São várias as questões que a vida espiritual nos coloca neste tema da afetividade. Por isso, neste congresso queremos mergulhar nestas dimensões tão nucleares de cada pessoa. As famílias, as novas gerações, os desafios que atualmente enfrentamos pedem-nos uma reflexão profunda sobre a vida afetiva e a sua relação com a vida espiritual, pois podemos adquirir muitos conhecimentos escolares e académicos, podemos ter muito sucesso e uma notável carreira profissional, mas sermos principiantes no campo da afetividade, permanecermos eternos adolescentes, sem desenvolver esta dimensão tão importante da pessoa e as suas repercussões na vida espiritual.

Dia 18 outubro – Sexta-feira

17h00 – Acolhimento
17h30 – Abertura                                                                                                      
18h00 – I. Conferência: Jesus que sente. P. José Frazão Correia, SJ
19h15 – Vésperas
20h00 – Jantar
21h15 – Vídeo temático

Dia 19 outubro – Sábado

08h00 – Pequeno-Almoço
09h00 – Eucaristia
10h00 – II. Conferência: Afetividade e maturidade – Dra Margarida Cordo
11h00 – Intervalo
11h30 – III. Conferência: Os sentimentos na vida espiritual – Ir. Maria José Mariño, CM
13h00 – Almoço
15h00 – Painel: Cuidar na educação
1º Educação afetiva na família – Graciete e Eduardo Alves
2º Os afetos numa personalidade ferida – Dra Carolina Freitas
3º A afetividade no processo educativo – Dra Célia Silva
16h30 – Intervalo
17h00 – IV. Conferência: Os sentimentos no acompanhamento espiritual – Dra Fabrizia Raguso, UCP
18h00 – Intervalo
18h30 – Encontros por grupos: os sentimentos na vida orante
20h00 – Jantar
21h30 – Terço
22h30 – Descanso

Dia 20 outubro – Domingo

08h30 – Pequeno-Almoço
09h00 – Laudes
10h00 – V Conferência: Os sentimentos na vida de S. Teresinha do Menino Jesus – P. João Rego, OCD
11h00 – Intervalo
12h00 – Eucaristia no Carmelo de S. José
13h00 – Almoço

Já pode fazer a sua inscrição clicando aqui: Formulário de Inscrição no Congresso

Local:

Domus Carmeli
Rua Imaculado Coração de Maria, 17
2595 – 441 Fátima
00 351 249530650 (rede fixa nacional)
congressos@domuscarmeli.net

Equipa organizadora:

Ordem do Carmo
Ordem dos Carmelitas Descalços
Companhia de Santa Teresa
Carmelitas Missionárias
Instituição Teresiana

Inscrição: 30€

«Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos»

DOMINGO VI DA PÁSCOA

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 15, 9-17)


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa. É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai. Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».

Com os santos do Carmelo

Refere Santa Teresa …

«Porque, a meu ver, a oração mental não é mais do que uma relação de amizade, estando muitas vezes a sós, com Quem sabemos que nos ama. Para o amor ser verdadeiro e duradoura a amizade, a condição do Senhor, que como se sabe é perfeita, há-de juntar-se à nossa, que é viciosa, sensual e ingrata. Talvez não possais acabar por amá-lo tanto por ser outra a vossa condição; mas vendo o quanto ganhais em ter a Sua amizade e o muito que vos ama, passais por esta pena de estar muito com quem é tão diferente de vós.» (Livro da vida 8, 5).

Meditação…

Neste Dia da Mãe, reflitamos sobre o amor profundo e o altruísmo que definem a essência da maternidade, um amor que ressoa profundamente com os ensinamentos de São João, tal como expressos no seu Evangelho, capítulo 15, versículos 9-17. Jesus disse aos seus discípulos: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu tenho guardado os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Disse-vos estas coisas para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa.” Nestas palavras, Jesus revela a natureza sem limites do amor divino, um amor que ultrapassa a compreensão e não conhece limites. É um amor que flui livre e incondicionalmente, abrangendo todos os que abrem os seus corações para o receber. Tal é o amor que as mães encarnam nos seus sacrifícios diários, nutrindo os seus filhos com ternura e devoção. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, ordena Jesus. Este mandato reflecte o instinto maternal de nutrir e cuidar dos outros, de os abraçar com compaixão e compreensão. As mães exemplificam este amor nos seus esforços incansáveis para sustentar as suas famílias, oferecendo orientação, apoio e encorajamento ao longo da jornada da vida. Jesus continua: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”. Este amor sacrificial reflete o altruísmo das mães, que se entregam de bom grado para o bem dos seus filhos. Quer se trate de dar de comer a altas horas da noite, de confortar uma criança que chora ou de celebrar os seus êxitos, as mães dão sempre prioridade ao bem-estar e à felicidade dos seus entes queridos acima de tudo. Ao celebrarmos o Dia da Mãe, honremos as mulheres notáveis que moldaram as nossas vidas com o seu amor e devoção. Agradeçamos o seu apoio inabalável, a sua ternura e a sua presença duradoura. E que nós, inspirados pelo seu exemplo, nos esforcemos por imitar o amor sem limites que define tanto a maternidade como os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

P. José Arun

Imagem retirada: https://www.osservatoreromano.va/pt/news/2024-05/por-018/amar-e-dar-a-propria-vida.html