DOMINGO XXXI DO TEMPO COMUM
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.
Com os santos do Carmelo
Diz Isabel da Trindade
«Jesus, tu que és tão humilde de coração, molda o meu para que seja a tua morada predileta, para que venhas repousar nele e aí converses comigo em união ideal. Que o meu pobre coração seja um só com o vosso divino coração e, para isso, quebre, arranque, consuma tudo o que vos desagrada.» (Diário espiritual 119)
Meditação
No Evangelho de hoje, Jesus destila os mandamentos em dois princípios fundamentais: o amor a Deus e o amor ao próximo, sublinhando uma mensagem que reverbera em todos os Evangelhos – que a verdadeira adoração é profundamente relacional e está enraizada no amor.
Jesus não se fica pelo amor a Deus. Acrescenta: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Ao fazê-lo, Jesus liga o amor a Deus e o amor ao próximo de forma inseparável. Não podemos afirmar que amamos Deus se não amarmos os outros, porque cada pessoa é feita à imagem de Deus. Isto é radical porque, na altura, a devoção religiosa era frequentemente vista como uma esfera separada das relações sociais. No entanto, Jesus mostra-nos que as duas estão interligadas; amar a Deus exige que
cuidemos dos outros com compaixão, misericórdia e respeito.
Este duplo mandamento desafia-nos a reexaminar a forma como amamos. O amor a Deus, embora profundamente pessoal, não pode ser mantido privado ou exclusivo. Ele transborda naturalmente, espalhando-se pelas nossas relações, pelo mundo que nos rodeia. Se os nossos corações estão alinhados com Deus, o amor ao próximo torna-se uma extensão natural desse amor divino que está dentro de nós.
O escriba responde a Jesus com compreensão, dizendo: “Isto é muito mais importante do que todos os holocaustos e sacrifícios”. A sua resposta é notável; ele compreende que o amor de Deus e o amor do próximo são maiores do que o ritual, mais essenciais do que a tradição.
Jesus afirma-o então com as palavras: “Não estás longe do Reino de Deus”.
Esta visão convida-nos a refletir sobre a forma como abordamos a nossa própria fé. A verdadeira adoração que agrada a Deus não se encontra em gestos vazios ou rotinas, mas em corações que procuram amar, perdoar e servir.
Ao meditarmos neste Evangelho, podemos perguntar-nos: “O que significa para mim amar a Deus com todo o meu coração, alma, mente e força?” Isso pode significar reservar um tempo diário para a oração, para ouvir a orientação de Deus, para estudar as Escrituras ou para cultivar um espírito de gratidão.
Da mesma forma, “O que é que significa amar o meu próximo como a mim mesmo?” Talvez signifique demonstrar paciência em relacionamentos difíceis, perdoar alguém que nos magoou ou
estender a mão a alguém em necessidade. Cada pequeno ato de bondade, cada momento de paciência ou de perdão, torna-se uma oferta a Deus. É este o tipo de adoração a que Jesus nos convida – uma adoração expressa através do amor em ação.
Que possamos levar estas palavras a peito, pedindo a Deus que nos ajude a viver este mandamento todos os dias, para que as nossas vidas dêem testemunho de um amor que vem d’Ele e nos leva de volta a Ele.
Pe. José Arun