DOMINGO VII DA PÁSCOA
ASCENSÃO DO SENHOR – SOLENIDADE
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 16, 15-20)
Naquele tempo, Jesus apareceu aos Onze e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for batizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.
Com os santos do Carmelo
Refere São João da Cruz no seu poema do Cântico Espiritual
36. Gozemo-nos, Amado,
Vejamo-nos em tua formosura!
No monte e no escarpado
Donde nasce água pura,
Bem dentro penetremos da espessura!
37. E depois, às subidas
Cavernas do rochedo nos iremos,
Que estão bem escondidas;
E ali penetraremos
E o mosto das romãs saborearemos.
38. Ali me mostrarias
Aquilo que a minha alma pretendia,
E logo me darias,
Tu, minha alegria,
Aquilo que me deste um outro dia:
Meditação
Hoje, ao comemorarmos a solenidade da Ascensão de Nosso Senhor, temos a oportunidade de refletir sobre a natureza da partida, não só no contexto do regresso de Cristo ao Pai, mas também nas nossas próprias vidas, ao despedirmo-nos dos nossos convidados. Tal como os discípulos reunidos à volta de Jesus no Monte das Oliveiras testemunharam a sua ascensão ao céu, também nós nos encontramos muitas vezes reunidos com os nossos entes queridos, apreciando os momentos que partilhamos juntos. Estas reuniões são preciosas, trazem-nos alegria, riso e um sentimento de pertença. Mas, inevitavelmente, chega uma altura em que temos de nos despedir e os nossos convidados partem, regressando às suas casas, às suas responsabilidades, às suas vidas. A partida dos convidados, tal como a Ascensão de Nosso Senhor, é um momento agridoce. Há um sentimento de tristeza quando nos despedimos, sabendo que sentiremos a falta da sua presença, do seu riso e da sua companhia. Mas há também um sentimento de esperança, porque a sua partida não é o fim, mas uma transição para algo novo.
Do mesmo modo, a Ascensão de Jesus foi um momento de tristeza e de esperança para os seus discípulos. Ficaram tristes por verem o seu amado mestre deixá-los, mas também ficaram cheios de esperança porque Jesus prometeu enviar-lhes o Espírito Santo, que seria o seu advogado e guia. E assim, regressaram a Jerusalém com alegria, aguardando ansiosamente o cumprimento da sua promessa.
Quando nos despedimos dos nossos convidados, lembremo-nos de que a sua partida não é o fim da nossa relação, mas sim a continuação da mesma sob uma forma diferente. Podemos já não ter a sua presença física connosco, mas levamos as suas memórias nos nossos corações e os laços de amizade e amor permanecem fortes. Do mesmo modo, ao contemplarmos a Ascensão de Nosso Senhor, recordemos que Jesus não está longe de nós, mas presente de uma forma diferente, através da presença do Espírito Santo. Tal como prometeu aos seus discípulos, ele está sempre connosco, guiando-nos, confortando-nos e dando-nos força para continuarmos a sua obra no mundo.
Por isso, ao despedirmo-nos dos nossos convidados, façamo-lo com gratidão pelo tempo que partilhámos juntos, com esperança no futuro e com a certeza de que, tal como os discípulos, nunca estamos sós. Porque Cristo subiu ao céu, mas está sempre connosco, até ao fim dos tempos. Amém.
Pe. José Arun, OCD
Imagem retirada: https://pt.churchpop.com/a-ascensao-do-senhor-sua-importancia-teologica-e-liturgica/